Itabuna: Jovem com esquizofrenia morre após ser internado, diz família

Segundo família, rapaz teria sofrido maus-tratos em casa de saúde.

Laudo da perícia técnica deve ser emitido na sexta-feira (8).

Itabuna: Jovem com esquizofrenia morre após ser internado, diz famíliaA família de um paciente da Casa de Saúde São Judas Tadeu, em Itabuna, no sul da Bahia, acusa o hospital de ser o responsável pela morte de um rapaz de 28 anos que estava internado no centro para tratar de esquizofrenia. Segundo os parentes de Leonardo Almeida Requena, ele morreu dez minutos após dar entrada no local.

Familiares também afirmam que o corpo do rapaz teria sido encontrado com sinais de violência. Leonado tinha esquizofrenia há oito anos e tomava remédio controlado. Parentes de um outro paciente internado na mesma unidade de saúde também reclamam de maus-tratos sofridos no local.

A família de Leonardo decidiu pedir ajuda ao hospital psiquiátrico após ele parar de tomar os medicamentos. Segundo os parentes, o jovem entrou na unidade tranquilamente, lúcido e conformado. Minutos depois ele morreu.

“Disse que todo cuidado que a gente tinha que ter com ele. Se ele ficasse agressivo em algum momento, bastava que se afastasse, que ele entendia que não estavam tentando agredi-lo e que qualquer problema ligasse. Eu deixei cinco ou seis telefones para que a qualquer momento ligassem para que a gente fosse até o hospital, que a família gostava demais pelo carinho que ele sempre demonstrou com todo mundo. Ele chama a tia de titia. Com 28 anos, um homem de 1,90 de altura. E que o nosso maior medo era o tamanho dele, o tamanho faz com que as pessoas tivessem medo dele”, relatava Eliane souza, tia do paciente.

“Eu quero uma resposta, porque o meu sobrinho entrou com as próprias pernas 18h10 e eu peguei hoje a certidão de morte dele e consta 18h20. Nós saímos do hospital 18h35. Nós estávamos lá dentro quando ele morreu”, conclui Eliane Souza.

Livana Fontes, que também é tia de Leonardo, conta que ele pode ter tido um ataque de fúria. “O médico conversou comigo e disse que era uma fatalidade, mas que ele tinha infartado. Enquanto ele soube que seria internado, teve um ataque de fúria”, disse. Ainda de acordo com Livana, foram encontrados cortes na boca do jovem. “Hematoma, muito sangue, muitos cortes, na boca, os dedos roxos. Que contenção é essa? O que é que eles fizeram, o que falaram para que ele tivesse essa fúria em dez minutos dentro de um hospital?”, questiona.

O diretor da Casa de Saúde São Judas Tadeu, José Silva Neme, explicou que quando o paciente se agita muito e fica agressivo é necessário que ocorra uma contenção e que, na tentativa de se soltar, muitas vezes o paciente se machuca. Sobre o caso do jovem Leonardo, Neme contou que ele ficou agressivo porque não sabia que seria internado e que, após entrar em luta com os funcionários do hospital, acabou morrendo.

“Ele chegou aqui enganado, achando apenas que seria feita uma consulta porque a família assim o orientou e não era realmente uma consulta, era uma internação. Então o paciente chegou a constatar que ia ser medicado, como foi medicado, e que iria permanecer internado. O paciente se agitou, tornando a vida dos funcionários e dele própria em estado de risco. Começou a agredir os funcionários. E esses funcionários pediram ajuda e foi acrescentado mais um homem do nosso quadro para ajudar a conter esse paciente que não conseguiu. Como ele havia sido medicado, ele imediatamente teve uma síncope, caiu e faleceu. A palavra final realmente terá que ser da polícia técnica, porque ele pode ser portador de alguma patologia que nós não conhecíamos. Foi o primeiro internamento dele. Ele chegou com um hálito de bebida, chegou em uso de substâncias lícitas e ilícitas”, afirmou o diretor do hospital.

A delegada responsável pelo caso, Katiana Amorim, estava de plantão no fim de semana e acompanhou a remoção do corpo de Leonardo do hospital e também a perícia feita no local. Segundo a delegada, no corpo não havia nenhuma lesão aparente, mas só a perícia pode dizer se há alguma lesão interna. Foi retirado material também para fazer o exame toxicológico, que vai mostrar se Leonardo usou ou não algum tipo de droga, e a delegada Katiana Amorim informou que vai, a partir de quarta-feira, começar a ouvir as pessoas envolvidas no caso. Parentes da vítima e também os funcionários que estavam no momento em que Leonardo chegou, o médico e o diretor da unidade. O laudo da perícia será emitido na sexta-feira.

Outro caso

Segundo testemunhas, esse não teria sido o primeiro caso de maus-tratos no hospital São Judas Tadeu, que tem 160 internos. Os parentes do ajudante de pedreiro Juraci, de Teixeira de Freitas, ficaram chocados quando viram o estado dele no domingo (3), uma semana depois do internamento. Eles decidiram tirar o paciente do hospital e o homem ainda estava sedado e com o corpo machucado em vários lugares. “Todo machucado. Diz ele que dormia amarrado, todo dia dormindo amarrado, os braços inchados, está todo ferido nas costas, o olho está inchado porque ele tomou um murro no olho”, disse Maria Helena Pinto Santos, prima do paciente Juraci.

“A gente paga, porque não é de graça, para poder ser tratado, não pra ser mau tratado, porque ele é um homem de bem, um trabalhador, ele só veio pra aqui pra recuperar, para ele voltar à ativa, entendeu, ele nunca agrediu ninguém, nunca na minha vida eu vi esse homem jogar uma pedra em alguém, nem xingar alguém, nem machucar ninguém. então o que é que está acontecendo com ele?”, disse a esposa do pedreiro, Emília Souza.

 

 

 

Fonte:  G1, com infomações da TV Santa Cruz

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