Indígenas iniciam o segundo módulo presencial de aulas no IFBA

Aulas do segundo Módulo Presencial da Licenciatura Intercultural Indígena do IFBA Porto Seguro começaram nesta segunda-feira.

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – IFBA Porto Seguro iniciou na manhã de hoje, 30, as atividades do Segundo Módulo Presencial de aulas do curso de Licenciatura Intercultural Indígena  LINTER. As aulas acontecem na Faculdade do Descobrimento – FACDESCO – em Coroa Vermelha e marcam o início das atividades do segundo semestre. Cercade 80 alunos indígenas das aldeias Tupinambá, de Olivença e Buerarema, Pataxó Hã Hã Hãe, de Pau Brasil e Pataxó, de Santa Cruz Cabrália e Coroa Vermelha, participam do encontro. As aulas acontecem em turno integral até o dia 18 de junho.

Para a aluna Arnã Pataxó, a LINTER é uma oportunidade de desenvolvimento educacional não só para ela, mas para toda a comunidade indígena: “Viemos aqui em busca de conhecimento técnico para voltarmos para a nossa comunidade e plantar esse conhecimento para o nosso povo”. Já a aluna Margarida Pataxó quer aproveitar bem a oportunidade de aprender através da estrutura oferecida pelo instituto: “No momento em que nós educadores e educadoras saímos de nossa comunidade e nos ingressamos numa faculdade do suporte do IFBA não há dúvida, vamos adquirir e ampliar cada vez mais o nosso conhecimento e o retorno, com certeza, será bem melhor para nossas crianças e para os nossos parentes na comunidade”.

O início das atividades foi marcado por uma série de palestras. Entre elas, uma proferida pelo Cacique Babau, da Aldeia Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro, em Buerarema. O Cacique acredita na educação para seu povo como garantia do cumprimento de diretos indígenas previstos em lei: “Na comunidade Tupinambá temos uma palavra chave: educação, que é a arma moderna para o índio usar na conquistar seus direitos. Então, a educação é tratada muito a sério na comunidade. Nós estamos lutando para nós termos uma universidade indígena específica e culturalmente própria dos povos indígenas para, daí sim, nós nos fortalecermos e nos apossarmos diretamente dessa ferramenta que é a educação, o conhecimento”.

A proximidade geográfica da FACDESCO com uma das principais aldeias indígenas da região, a Pataxó, facilita o desenvolvimento de atividades voltadas para os índios dentro do espaço acadêmico. Célia Giménez, uma das diretoras da FACDESCO, diz que o acesso dos índios à estrutura da faculdade era um sonho antigo: “Sempre tivemos a intenção de atrair a comunidade indígena para dentro de nossas salas de aula para poderem ter um espaço comum para dialogar, porque, através da educação e, principalmente, da educação superior existe esse diálogo, então, é um sonho antigo que nós temos”. Outra diretora da FACDESCO, Waldívia Rodowanski Bohn, espera uma interação ainda maior da comunidade indígena com a instituição de ensino superior a partir deste encontro: “Nós estamos sempre com as portas abertas para a comunidade indígena. Então, a gente quer sempre levar o nosso trabalho para eles e queremos que eles venham até nós”.

Para o corpo docente do IFBA, o módulo presencial é uma ótima oportunidade de troca de conhecimento. O Coordenador da LINTER, professor Edson Machado de Brito, afirma que só o encontro de comunidades indígenas distintas entre si já possibilita o aprendizado de outros costumes e culturas. “Para os nossos alunos é um momento de aprendizado porque eles vão ter contato com vários conhecimentos, teorias, textos, leituras, assim como para nós também é muito importante, porque é um momento que nós vamos também aprender com eles. Aqui, no caso da Licenciatura Intercultural, o conhecimento se dá em mão dupla, nós aprendemos com eles e eles aprendem com a gente e a interculturalidade é exatamente isso”, afirma o professor. O coordenador faz, ainda, um balanço positivo das atividades desenvolvidas no primeiro semestre pela LINTER e destaca o esforço administrativo do instituto para manter o curso em pleno funcionamento.

“Estamos iniciando o segundo semestre do curso e o balanço do primeiro semestre é muito positivo apesar de muitas dificuldades que nós tivemos. Mas o IFBA e a administração do IFBA, particularmente, foram parceiros muito fortes e incansáveis para conseguir toda a infraestrutura para garantir que o encontro acontecesse. Os alunos já cresceram bastante na produção do conhecimento e na compreensão dos processos assim como para nós professores é muito gratificante porque nós estamos compreendendo melhor a cultura desses povos, desses alunos”, completa Edson Machado.

Fonte: Ivan Bezerra/Ascom do IFBA Porto Seguro

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