“Incredulização”

“Eu lhes digo: ele lhes fará justiça, e depressa. Contudo, quando o Filho do homem vier, encontrará fé na terra?” (Lucas 18.8)

Este é o neologismo que conheci esta semana ao ler uma revista cristã (Ultimato). O editorial falava sobre um processo em curso para o completo assassinato da fé. E as palavras de Jesus após contar a parábola do juiz iníquo, reforçam a perspectiva do texto. De fato, estamos seguindo para um momento histórico em que a fé cristã cada vez menos encontrará terreno adequado no coração humano. Usando a parábola do semeador, cada vez mais teremos terrenos que nada produzem, de onde facilmente se rouba, sufoca e é passageira a fé. E menos terrenos que produzam a trinta, sessenta e cem por um. Mas cumpre-nos fazer algo a respeito, se somos cristãos.

A primeira atitude diz respeito a nós mesmos. A parábola que antecede essa declaração fala de uma viúva que pede justiça a um juiz que nenhum compromisso tinha com a justiça, pois não temia a Deus e nem se importava com as pessoas. Mas a perseverança da viúva, que diariamente dirigia-lhe pedidos, o fez mover-se e atende-la, pois desejou ver-se livre da pedinte insistente. Jesus então declara que devemos crer no Deus que responde quando clamamos. E esta é a primeira atitude: perseverar na fé no Deus que responde quando clamamos, ainda que Ele fique em silêncio. Diferente do juiz da parábola, Deus é amoroso, fiel e gracioso. Não há razão para duvidarmos de Suas intensões e disposição para conosco, ainda que não entendamos (ou concordemos) com suas decisões ao longo da história.

A segunda atitude tem a ver com algo para além de nós mesmos: tomar parte e servir à comunidade de fé. Crescem os “sem igreja”, pessoas decepcionadas com a igreja e seus líderes que deixam-na de lado como forma de viverem uma fé mais saudável e digna, sem perceber que expõem a fé a riscos. Creem não precisarem da igreja (o que discordo), e esquecem que a igreja precisa de cada cristão. Que ela se realiza pela cooperação da “cada parte”, pela entrega de diferentes dons e chamados. Enquanto cristãos, em nome de seu esclarecimento e maturidade, abandonam a igreja e relativizam seu valor, os inimigos da fé em Cristo se unem contra ela e se fortalecem. Um belo cenário para que a “incredulização” se concretize na história. Ore hoje por sua igreja. Com toda sua fraqueza ela é fundamental para a história.

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