Realizei uma perícia relacionada a um funcionário terceirizado que trabalhava no IML de Feira de Santana. Ele reivindicava insalubridade e era a pessoa responsável por manipular os cadáveres, enquanto o médico apenas observava.
A sala tinha um forte cheiro de formol. Havia um corpo sem vida sobre a mesa de inox. Todo o sangue havia sido drenado. A parte interna da coxa estava aberta, da virilha até o joelho, revelando cada camada de gordura, tecido e músculo sob a pele pálida.
Achei que sentiria nojo, mas não senti. Enquanto observava o cadáver, fiquei impressionado ao perceber que a única diferença entre um corpo vivo e um morto era a ausência de vida e espírito.
Na geladeira, havia vários cadáveres aguardando autópsia. O trabalho é extremamente penoso. O adicional de penosidade, no entanto, ainda não está regulamentado. Trata-se de um direito trabalhista que deve ser concedido aos colaboradores que realizam atividades desgastantes ou difíceis, exigindo esforço físico, mental ou emocional acima do normal.