“De repente, uma grande multidão do exército celestial apareceu com o anjo, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor. Quando os anjos os deixaram e foram para o céu, os pastores disseram uns aos outros: Vamos a Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos deu a conhecer. Então correram para lá e encontraram Maria e José, e o bebê deitado na manjedoura.” (Lucas 2.13-16)
As Escrituras falam de línguas de anjos. Uma língua distinta da nossa e que muitos se gabam de falar. Outros as estabeleceram como indicador de autoridade espiritual. Quem as fala é maior do que os demais, que não falam. Na noite de natal os anjos é que falaram a língua dos homens. E falaram de maneira tão clara que mesmo os pastores, homens simples e sem estudo ou cultura, entenderam muito bem. Os anjos anunciaram louvores a Deus nos céus e paz na terra entre os homens, pois a eles Deus havia sido favorável. No natal, de repente, os céus se revelaram. O Reino de Deus havia chegado ao reino dos homens. E os pastores tiveram provas disso.
Quanto tempo durou aquela apresentação do coral de anjos? Não sabemos. Como seriam aqueles anjos? Como eles cantavam? A quatro vozes ou em uníssono? As vozes eram todas graves ou havia vozes agudas? Todas lembravam vozes masculinas ou havia vozes que lembravam as femininas? Responda como quiser a cada uma dessas perguntas. Só os pastores poderiam confirmar cada resposta. E assim como tudo surgiu, tudo se foi. Tudo se aquietou novamente. Imagino que tenham olhado uns para os outros, espantados. Quem acreditaria neles, se contassem? E então se perceberam inquietos. Os anjos haviam falado de Belém e eles queriam verificar o que de tão especial havia, que justificasse algo tão grandioso. “Vamos a Belém para ver isso que aconteceu e que o Senhor nos permitiu saber”.
Quem deles ficou com os rebanhos? Talvez ao novato tenha sido imposta essa tarefa. Talvez tenham sorteado alguém para ficar. E o restante foi. E o que viram? Um casal pobre, numa estrebaria com um bebê deitado numa manjedoura. Tudo muito familiar, comum e simples. Uma família como a deles. Talvez o bebê até se parecesse com o filho de um deles – “olha, ele parece como Benjamin!”. Mas ali estava aquele cujo nascimento produziu adoração nos céus e trouxe paz, reconciliação, perdão, à terra. O que viram nos céus enquanto estavam no campo parecia tão glorioso. E o que viram na estrebaria parecia tão comum. Qual das cenas era a principal? Ainda hoje nossos olhos são lentos e nossa visão se engana. Temos dificuldades em discernir as mais sublimes imagens do amor de Deus por nós.