Hamilton Farias de Lima, professor universitário.
“Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a realtragédia da vida é quando os homens têm medo da luz”, Platão (427 a.C. – 347 a.C.)
A ignorância muitas vezes é traduzida por seus sinônimos desconhecimento, incompetência, ou inabilidade, porém não se ultima nesses termos os seus diversos significados, principalmente quando o propósito é o de se refletir sobre a capacidade de o individuo relacionar-se no meio em que vive, reagir e superar a si memo. Aí é ponderável levarem-se em contas situações como as representadas pela condição econômica e patrimônio intelectual do individuo, requeridos por uma sociedade competitiva cada vez mais submetida aos rigores e desafios da era do consumo, da informação e do saber.
Os estudiosos dedicados às questões que envolvem o homem, no plano da educação, trabalho, segurança, qualidade de vida, além de direitos e obrigações, e de outras importantes realidades, costumam falar em pirâmide social para apresentar o quadro composto pelos agrupamentos humanos, ora divididos em classes sociais, ou seja, os diferenciados estratos que compõem a sociedade em análise.
Na perspectiva do nível de conhecimento, de competência ou habilidade – numa palavra formação -, aqueles que detêm patrimônio intelectual gozam de status social diferenciado, com destaque na pirâmide social, em oposição aos que vegetam na escuridão do saber e sofrem os malefícios do contingente indesejável em que estão mergulhados.
Infelizmente, constituem-se à semelhança de párias sociais quando, por vezes, são muito mais os resultados de falsas, excludentes e enganosas políticas sociais.
O Brasil, de dimensões gigantescas, economicamente dito emergente e poeticamente rotulado como “farol do novo mundo”, ainda persiste com estatísticas reveladoras de desigualdades e privilégios à semelhança de países terceiro- mundistas. Só para contextualizar, em relação ao continente sul americano, países como Argentina, Colômbia e Chile, de áreas territoriais, população e produto interno bruto que totalizam, no conjunto, metade do Brasil, possuem índices elevados de educação e qualidade de vida bem superiores aos indicadores nacionais, o que revela o apartheid social brasileiro.
É forçoso reconhecer: não basta a afirmativa de que o sol é para todos e esperar o seu quinhão no dia seguinte, sentado à beira do caminho, pois a cada um cabe o exercício de sua própria autonomia, buscar o seu espaço e aproveitar a sua réstia de sol!
Iluminar a própria caminhada, eis a questão, para as futuras travessias através do farol da Educação, a prioridade máxima!
Transformar a si mesmo requer exercício crítico na práxis cidadã, no dia a dia da existência civilizadora da igualdade de direitos; a oportunidade educadora no acesso universal à sala de aulas, obediência às normas que levam ao viver em harmonia, às práticas democráticas e às realizações a serviço do bem comum. Numa palavra: Fiat lux, via Educação!