Ilhéus: Lideranças protestam contra importação de cacau

A imediata suspensão das importações de cacau no Brasil foi a principal reivindicação de um grande protesto promovido na manhã de terça-feira, 5, por inúmeros segmentos organizados do Sul da Bahia. O movimento é integrado por sindicatos, federações, cooperativas, assentamentos, câmaras de dirigentes lojistas, entidades ambientalistas, prefeituras e câmaras de vereadores. O protesto dos produtores de cacau contra a importação, prática que derruba os preços internos, desestabilizando toda a cadeia produtiva, aconteceu nas proximidades do Porto Internacional de Ilhéus, onde estará sendo desembarcada, nas próximas horas, uma carga com cinco mil toneladas de cacau provenientes de Gana, na África.

De acordo com o movimento, a importação não é mais necessária, uma vez que o Brasil já alcançou a autossuficiencia na produção, atendendo as necessidades do parque moageiro. “O que queremos do governo federal é a regulação das importações e a formatação de uma política de preços mínimos”, diz o diretor da Biofábrica de Cacau, Henrique Almeida, acrescentando que a Bahia produziu 137mil toneladas de cacau na safra passada. “Do jeito que está, com as importações achatando o preço interno da arroba, hoje estabelecido em inacreditáveis R$ 58, as dificuldades continuarão aumentando, o que, com certeza, agravará a crise socioambiental de toda a região”, completa.

Além das dificuldades causadas ao setor produtivo, o movimento também chama atenção para a importância dos aspectos sanitários das frequentes importações. Segundo os produtores, as operações trazem riscos permanentes de introdução de pragas e doenças exóticas na região, fato que representa um perigo para toda a agropecuária nacional. “Esse é um risco real e que, por isso, requer a atenção de todas as autoridades”, opina Guilherme Moura, vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado da Bahia, salientando que “o cacau ainda é a atividade que mantém o frágil tecido social de toda a região”.

Providências

O movimento pela suspensão das importações de cacau foi prestigiado por autoridades de várias partes do Estado, incluindo vereadores, prefeitos e deputados estaduais. O prefeito de Ilhéus, Jabes Ribeiro, considera o movimento justo e extremamente importante para a recuperação da cacauicultura. “Para isso, entre várias outras medidas, é fundamental passar a previsão da próxima safra para a Conab – Companhia Nacional de Abastecimento –, órgão que poderá estudar a formatação de uma política de preços mínimos. Também é importante que se invista em barreiras sanitárias eficientes, para impedir a chegada de produtos contaminados à região, e o aumento de investimentos para que se retome a produtividade da lavoura cacaueira regional, combatendo de forma eficaz as doenças e estimulando as boas práticas comerciais”, comentou.

Na opinião do deputado estadual Leur Lomanto Júnior (PMDB), “o protesto foi de suma importância para a recuperação do cacau na região, que, nos últimos anos, vem sendo prejudicado por práticas como a importação de amêndoas da África e da Ásia”. Já o deputado estadual Sandro Régis (PR) afirmou que veio prestigiar o movimento muito mais como produtor do que como parlamentar. “Não podemos admitir que um vetor econômico tão importante como o cacau passe por tantas dificuldades e esteja relegado a um papel coadjuvante”. Fazendo coro com Régis, o deputado estadual Pedro Tavares (PMDB) lembrou que a região já respondeu por60% do Produto Interno Bruto da Bahia. “Por isso, ela precisa de estímulos, como a regulação das importações e a renegociação das dívidas dos produtores”,asseverou o deputado.

Também presente ao protesto desta terça-feira, o deputado estadual Augusto Castro(PSDB) garantiu que o movimento já chegou a Brasília. “Trata-se de um movimento suprapartidário que tem como único objetivo a fixação de uma política de preços mínimos e, mais adiante, a renegociação efetiva das dívidas dos cacauicultores. Só assim, estaremos, verdadeiramente, valorizando a produção de cacau e suas consequências positivas para toda a Bahia”. Por sua vez, o deputado estadual Coronel Gilberto Santana (PTN) destacou que, com as importações, feitas sem nenhum critério, todo mundo sofre, incluindo produtores, comerciantes e trabalhadores.

O protesto contra a importação de cacau foi prestigiado, ainda, por representantes de municípios da região cacaueira, como Itabuna, Camacan, Ibirataia, Teolândia,Wenceslau Guimarães, Ibirapitanga, Barro Preto, Coaraci, Uruçuca, Una, Ubatã, Ubaitaba e Arataca, entre outras. Também estiveram presentes, além de diversos vereadores, o vice-prefeito de Ilhéus e secretário de Indústria e Comércio, Carlos Machado (Cacá), o secretário de Agricultura e Pesca, Sebastião Vivas, e o secretário de Relações Institucionais, Jailson Nascimento.

Ascom da Prefeitura de Ilhéus

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