Ilhéus: Comtac investe R$ 10 mi em nova fábrica no polo tecnológico

Produção inclui modems, fontes de energia e placas de marcas asiáticas.

Ilhéus perdeu mais de 70 empresas de tecnologia desde seu auge em 2004.

A fabricante de acessórios e componentes para computadores Comtac inaugura sua segunda fábrica no país, a Comtac Bahia, nesta sexta-feira (8), no Polo de Informática de Ilhéus (BA). A operação contou com um investimento inicial de R$ 10 milhões para a produção local de fontes de energia para notebooks, placas Wi-Fi para computadores e modems ADSL e de fibra ótica para acesso à internet.

A Comtac Bahia é a segunda fábrica da multinacional de origem brasileira P&B Holding, especializada na terceirização de eletroeletrônicos para empresas de países como China, Cingapura, Coreia, Portugal e Taiwan. A companhia já conta com uma fábrica em Santa Rita do Sapucaí (MG), onde produz 150 itens– de cabos de dados a roteadores–, um escritório comercial em Hong Kong e uma operação de controle de qualidade em Shenzen, na China. “Muitas fábricas chinesas não têm uma estrutura decente e temos quatro engenheiros que verificam a qualidade dos produtos que vamos montar no Brasil”, explica Luciano Lamoglia Lopes, diretor geral da P&P Holding.

A nova fábrica de Ilhéus inicia as operações com a produção de 10 mil fontes de energia ao mês e 15 funcionários. Em janeiro, a produção mensal deve aumentar para 40 mil fontes e 40 mil placas Wi-Fi ao mês, contando com uma equipe de 60 pessoas. A empresa também pretende iniciar a produção de tablets de uma marca chinesa no país assim que o Processo Produtivo Básico (PPB), enviado em outubro, for aprovado pelo governo.

Revitalização do polo

Ao escolher sediar a fábrica em Ilhéus, segundo Lamoglia, a Comtac aposta na revitalização do polo tecnológico, que perdeu diversas fábricas após a crise da economia americana em 2008 e a oferta de incentivos fiscais por outros Estados. “O polo de Ilhéus está vazio. Esta foi a primeira região a trabalhar com incentivos fiscais para produtos de informática, mas São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro entraram na ‘guerra’ oferecendo benefícios fiscais”, analisa o executivo.

De acordo com o Secretário de Indústria, Comércio e Planejamento de Ilhéus, Jorge Bahia, o polo de informática de Ilhéus chegou a ter 110 empresas de tecnologia em seu auge, entre 2004 e 2005, e hoje conta com 35 empresas.

A saída de empresas do polo também deixou profissionais capacitados sem emprego. “Tenho em torno de 1 mil currículos na minha mão, mas não há emprego ou expectativa”, conta Gentil Pires Filho, presidente do Sinec (Sindicato das Indústrias de Aparelhos Eletroeletrônicos, Computadores, Informáticas e Similares dos municípios de Ilhéus e Itabuna).

“O que temos a fazer é revitalizar o polo”, diz Bahia. Além da chegada da Comtac, o secretário informa que a Positivo Informática, âncora do polo, aguarda a liberação de uma área mais central no município para ampliar a produção de notebooks e computadores na região. O secretário também informou que a construção do Porto Sul – complexo portuário que será integrado à Ferrovia Oeste-Leste, ligando Tocantins a Ilhéus – prevista para 2016 vai ajudar a atrair novos integrantes ao polo de informática.

Com a oferta de galpões e mão-de-obra em Ilhéus, a Comtac Bahia conseguiu economizar no investimento em ativos, que somou R$ 5 milhões, segundo Lamoglia. A empresa aproveitou um galpão e o maquinário já instalados em uma área de 3 mil metros quadrados, por uma empresa de tecnologia que deixou o polo.

Somando produtos terceirizados e de marca própria, a Comtac espera alcançar um faturamento de R$ 40 milhões este ano, superando em 30% o resultado obtido em 2011.

Componentes nacionais

A Comtac e outros oito fabricantes de fontes de energia para notebooks e desktops também brigam pela nacionalização do componente junto ao governo. “Os fabricantes de notebook têm a obrigatoriedade de ter 30% das peças fabricadas no país. Por que não são 90% como nos celulares ou 80% como nos modems?”, questiona Lamoglia.

Em junho, segundo o executivo, o grupo de fabricantes enviou um documento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) pleiteando um percentual maior de nacionalização de componentes em notebooks. “É uma oportunidade de aprimorar a Lei de Informática gerando muito mais empregos”, diz o executivo que, até o momento, não recebeu resposta do ministério.

Procurado, o MCTI não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

 

Fonte: G1

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