Ilhéus: biblioteca pública ameaça desabar

Ilhéus: biblioteca pública ameaça desabarUm laudo técnico assinado pelo engenheiro civil Hermano Fahning, diretor de operações da secretaria municipal de Planejamento, determinou a imediata suspensão das atividades na Biblioteca Pública de Ilhéus, que apresenta sérios problemas em sua estrutura e pode vir a desabar. O histórico prédio, localizado na praça Castro Alves, avenida Soares Lopes, vinha há anos sofrendo com problemas de infiltração e rachaduras nas paredes.

A biblioteca funciona no local há 10 anos e de lá pra cá nunca houve nenhuma manutenção da estrutura física do espaço, que foi se deteriorando até chegar ao limite da sua insegurança. “O espaço está condenado ao uso público por conta da sua situação estrutural. Se mantivéssemos funcionando, estaríamos colocando a integridade física das pessoas em perigo”, confirmou o engenheiro ao repórter do JBO no início da noite desta sexta-feira. Em resumo: o prédio pode cair.

Sem muitas justificativas ao público que frequenta o espaço, a biblioteca já foi fechada pela secretária municipal de Educação, Lidiney Campos. Mas apesar da orientação passada pelo engenheiro Hermano Fahning de que todos evacuassem o prédio, a reportagem do JBO flagrou na tarde desta sexta que o funcionamento do Arquivo Público – instalado em uma das áreas mais afetadas do imóvel – continuava normalmente. Informado sobre o perigo, o engenheiro Hermano Fahning disse que já orientou a secretária Lidiney Campos a retirar todos os servidores do local.

Um funcionário que prefere não ser identificado, informou, por telefone, que alguns servidores já foram transferidos para escolas municipais que necessitavam de professores. Mas pelo menos quatro funcionários da biblioteca permanecem no local, trabalhando e orientando os estudantes. A Prefeitura teria pedido a eles que assinassem um termo se responsabilizando pela permanência no prédio condenado. Mas eles se negaram a assinar o termo. Na ligação do engenheiro Hermano, ele chegou a citar a existência do documento e foi informado pelo jornalista que os servidores não acataram o pedido dos superiores. “Isso é muito grave. A responsabilidade agora é dela (a secretária de Educação)”, comentou o engenheiro.

A área mais afetada é o piso inferior da biblioteca Adonias Filho. De acordo com Hermano Fahning, a estrutura ainda não cedeu porque trata-se de uma obra feita em 1915, quando a engenharia exagerava na segurança de projetos estruturais. Nas paredes do histórico imóvel existem, inclusive, trilhos de ferro, que estão ajudando a segurar a estrutura comprometida. Como se trata de um prédio histórico, o engenheiro sugere que a restauração seja feita com o uso de um reforço estrutural.

A Biblioteca Pública Municipal Adonias Filho possui cadastrado pelo menos 35 mil títulos, incluindo neste acervo uma quantidade significativa de obras raras da literatura brasileira. Só em Braile, o acervo é composto de pelo menos 6 mil exemplares. Cerca de 600 estudantes passam mensalmente pelo espaço, que atende, além de estudantes secundaristas, muitos universitários que estudam no eixo Ilhéus-Itabuna.

Segundo a historiadora Maria Luísa Heine, o prédio foi inaugurado em 31 de dezembro de 1915, tendo se constituído na primeira escola pública municipal. Mais tarde passou a se chamar Grupo Escolar General Osório. Foi construído pelo Intendente Antonio Pessoa da Costa e Silva em um terreno doado pelo coronel Misael Tavares, numa época de crise mundial, pois àquela época estava em andamento a Primeira Grande Guerra. O presidente do Brasil era Wenceslau Brás e o governador da Bahia, J.J. Seabra.

A construção lembra as da Belle Époque francesa, pois no Brasil ainda se dava valor a este estilo. Esta expressão, Belle Époque, está diretamente ligada ao período iniciado em 1871, um período romântico, onde acreditava-se que não haveria mais guerra, as mulheres passaram a ter maior participação social e o mundo melhoraria porque a ciência estava se desenvolvendo para resolver todos os problemas do homem, segundo a filosofia positivista.

Durante muitos anos funcionou a escola, tendo o prédio sido utilizado pelo exército durante a Segunda Guerra Mundial. O prédio está dividido em duas partes, onde a freqüência era dividida em “sexo feminino” e “sexo masculino”.


Fonte: JBO

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