Iguais a Pedro

“Disse Pedro: Não; nunca lavarás os meus pés. Jesus respondeu: Se eu não os lavar, você não terá parte comigo.” (João 13.8)

As vezes pode nos parecer que Jesus exagerava em algumas ocasiões. Como nesta, com Pedro. Afinal, a atitude de Pedro de não querer ter seus pés lavados pelo Mestre é até bem compreensível. Lembra-se de João Batista quando Jesus foi a ele para ser batizado? Ele reagiu de maneira parecida: “Eu preciso ser batizado por ti e vens tu a mim?” (Mt 3.14) No caso de João Batista Jesus apenas disse que era necessário que fosse assim. Mas aqui, com Pedro, o Mestre “pega pesado”: se eu não lavar seus pés você não terá parte comigo! Por quê? As razões de Jesus para isso são tão sutis quanto profundas. Não as percebemos à primeira vista. Mas consideremos o seguinte: os discípulos ainda não entendiam a missão do Messias. Ainda eram reféns de ideias nacionalistas. Eles ainda pensavam a partir da Lei e não da Graça. Ainda não tinham a ideia de Graça. Eles ainda ambicionavam a grandeza e não o servir.

Eles precisavam ver claramente em Jesus o servo sofredor anunciado por Isaías (Is 53). O servo que, como um cordeiro, seria levado ao matadouro. O senso de justiça e a ideia de que eram únicos para Deus (Israel) precisariam ser revisados. Precisavam entender mais sobre misericórdia (Tg 2.13) e reconhecer: “todos pecaram” (Rm 3.23). Mas também crer que “Deus amou o mundo” (Jo 3.16). Eles precisavam ver o Mestre humildemente lavando seus pés empoeirados para que depois pudessem perceber o amor e graça que os estava alcançando. O mestre que tinham em mente lhes inspirava a ambição de ocuparem os primeiros lugares. O Mestre que Jesus era apontava em outra direção. Se Pedro não tivesse seus pés lavados, seu coração não seria tocado. Sua cegueira permaneceria. E de fato permaneceu por algum tempo.

Enquanto não compreendeu, Pedro continuou sendo vítima de seu próprio coração. Por isso, mesmo avisado, negou a Jesus (Mt 26.34). Não somos melhores que Pedro. Não podemos dizer que não negaríamos. Precisamos aprender com as experiências dos apóstolos. Falhamos no amor ao próximo porque ainda não vimos claramente Jesus lavando nossos pés. Ele fez tudo por nós. Lavou-nos os pés e morreu nossa morte. Amor e Graça! Se compreendermos isso, mais facilmente cuidaremos dos pés dos que andam distantes do amor e da graça que recebemos. Seremos mais humildes, desejaremos ser mais úteis e conheceremos a leveza do fardo de Jesus e a suavidade de Seu jugo. Somos como Pedro!

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