A Igreja de Nossa Senhora da Vitória é um templo religioso católico situado no Largo da Vitória. Foi construída pelos portugueses no século XVI. Todo domingo levo minha mãe à missa das 11:30, celebrada pelo padre Luiz, que está na comunidade desde 2002.
A paróquia está localizada na praça Rodrigues Lima (mais conhecida como Largo da Vitória), no início do Corredor da Vitória. Fazendo uma caminhada matinal até lá, vi recentemente uma estátua em homenagem a Félix Mendonça e soube que a nova praça tem seu nome, sendo anteriormente conhecida popularmente como Mirante da Vitória. Além de construir esse espaço, que permite à população ter uma bela vista do mar, o projeto idealizado por Félix, junto com a entrega do edifício Mansão Wildberger, também resultou na requalificação do largo e da Igreja de Nossa Senhora da Vitória, bem como na doação de uma nova área para a escola municipal, que funcionava em instalações precárias, do salão paroquial e da residência do pároco. Tudo foi doado para a Prefeitura e Arquidiocese pela construtora MRM.
Nesta Igreja foram realizados os casamentos das filhas de Diogo Álvares Correia, o Caramuru. Ela abriga um grande acervo de imagens barrocas do século XVIII em seu altar. Em 1808, sua fachada foi trasladada; antes voltada para a Baía de Todos os Santos, após a modificação passou a ter sua frente para o Largo da Vitória.
Em 2007, foi tombada pelo Iphan, medida tomada devido à ameaça da especulação imobiliária na área; o tombamento definitivo ocorreu apenas em 2014. O que é triste foi saber que o casarão histórico Mansão Wildberger foi demolido quase às escondidas numa tarde de domingo para dar lugar a um edifício de 35 andares. A demolição criminosa comprova o processo de destruição do patrimônio cultural baiano. A consciência da ilegalidade é evidenciada pelo dia, horário e condições escolhidas para a demolição: numa tarde de domingo, destroçaram a casa com parte do seu recheio, aquele que não foi retirado na madrugada anterior.
O valor histórico e artístico da Igreja é inquestionável, não apenas pela sua relevância arquitetônica, mas também pela sua decoração interior em talha, obra-prima do grande entalhador baiano Capitão Cipriano Francisco de Souza, realizada no século XIX, assim como a pintura de seu forro.
Até os anos 1930, no terreno do fundo do Largo, atrás da Igreja, havia um casarão do século XIX com o Hotel Bom Séjour, que alojava principalmente suíços e alemães. Em 1937, o hotel deu lugar à Mansão Wildberger, inspirada na arquitetura medieval alemã, com exteriores evocando um jardim inglês. Com a gradual verticalização do Corredor da Vitória, desde os anos 1960, a área do Largo começou a ser rodeada de edifícios altos. Porém, o entorno da Igreja, mesmo com a construção dos arranha-céus, que não superam os 10 andares, conseguiu manter uma relação de escala harmônica.
O principal problema, portanto, que envolve o projeto Mansão Wildberger (a destruição da casa para a construção de um arranha-céu de 35 andares), está na relação volumétrica dessa monstruosidade com a Igreja, com os edifícios do entorno e com a paisagem verdejante da encosta sobre a Baía de Todos os Santos.