IDENTIDADE DOS FILHOS DE DEUS (1)

“Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.” (Lucas 6.36)

Somos feitos filhos de Deus pela graça, por meio de Cristo. Isso é mais que apenas receber uma designação. Ser filho de Deus implica em ser identificado como tal, por revelarmos algumas características. E isso acontece na medida em que, inspirados pelo amor que recebemos, passamos a imitar Deus em suas atitudes. E uma delas é a misericórdia. E Jesus nos mandou imitar a misericórdia de Deus.

O apóstolo Paulo, seguindo o caminho indicado por Jesus, orientou os cristãos de Éfeso dizendo: “Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus.” (Ef 5.1-2).

Em minha vida cristã por alguma razão acabei aprendendo que deveria revelar minha rejeição e até mesmo condenar o pecado das pessoas, pois se não o fizesse estaria sendo conivente, estaria fortalecendo nelas a atitude de rebeldia contra Deus. Isso me levou a ser duro e a estar pronto para julgar e condenar os outros. A misericórdia que eu recebia não me fazia misericordioso e eu me afastava do meu próximo, como um sinal de que era diferente, embora fosse, na verdade, também um pecador. Eu me sentia seguro de que conhecia a Deus e olhava com certa pena para meu próximo, mas ainda assim sem misericórdia. Aprendi que era esse o caminho da santidade cristã. Todavia, acabei concluindo que tratava-se apenas do caminho da hipocrisia. Agir daquela forma, em lugar de me aproximar do Evangelho de Jesus, apenas fortalecia meu coração mesquinho.

Como foi libertador entender que imitar a Deus é amar, é ser misericordioso, é acolher, tanto a mim mesmo em minha humanidade quando ao meu próximo. Na prática da misericórdia com o meu próximo encontrei caminhos para uma santidade que ainda não conhecia. No caminho de esforçar-me para amar descobri que o amor é a única proteção possível para a maldade que reside em cada ser humano, crente ou descrente.

Desde então, sigo com a certeza de que preciso crescer em amor e misericórdia. Que não preciso ter medo de ser amoroso e misericordioso pois essa é a minha grande chance de acertar. A misericórdia está ao meu alcance como virtude que me aproxima de Deus. Posso escolhe-la e praticá-la. Assim como o amor, ela não alimentar o mau no outro e torna-me parecido com Deus. O Deus que me ama e ama o outro.

Por isso hoje quero lhe incentivar: seja misericordioso, seja misericordiosa. Ame com atos, palavras, atitudes, olhares. Coloque-se ao lado dos mais frágeis e seja uma voz contra toda injustiça e maldade. Especialmente quando praticadas em nome de Deus. E agindo assim seremos verdadeiramente filhos e filhas do Pai celeste.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui