Ibirapuã vem se organizando com o objetivo de implementar ações a fim de frear a expansão do plantio de eucalipto em seu território. Na tentativa de se pensar soluções sobre o tema, aconteceu em junho uma reunião com os representantes de classe, sindicatos, associações de bairros, professores, vereadores, organizada pela Secretaria de Agropecuária e Meio Ambiente.
E no último dia 31 de agosto foi a vez de uma grande passeata, onde alunos, professores, diretores de escolas, líderes de comunidades, de sindicatos, associações, vereadores, ex-vereadores, secretários, prefeito e outras autoridades entoaram o grito “não ao deserto verde”.
Dentre os edis, o vereador Guga comentou sobre a preocupação de o produtor rural permanecer no município “e com o plantio de eucalipto não tem condições de isso acontecer”, declarou. Um dos mais jovens vereadores do Brasil, Jandinho, também apoia a causa: “E vou falar por mim e por todos, toda a Câmara de Vereadores de Ibirapuã é contra a expansão do plantio de eucalipto. O que a gente presa é da agricultura familiar, o leite, a cana, a agropecuária, isso que move nossa cidade. Não ao deserto verde”.
Antônio Pinho, presidente do Sindicato rural, comentou da luta, travada há mais de 20 anos, para conter o plantio de eucalipto. Ele contou que há 16 anos, junto com a prefeitura, os sindicatos, a população e a Câmara Municipal, se posicionaram contra a expansão do eucalipto, e, agora, retomam a luta, preocupados com o meio ambiente e com a saída das famílias do campo. Ele resumiu o sentimento que move a luta de Ibirapuã: “Mais cana, mais leite, mais pecuária e mais agricultura familiar”, objetivos não atingíveis se houver mais plantio de eucalipto na cidade.
Genivaldo Pires, representante da Associação de Moradores de Ibirapuã, comentou: “não ao eucalipto, porque ele está expulsando o pequeno produtor do campo, porque ele não tem como sobreviver”.
Professor Ronaldo Bandeira foi categórico ao afirmar que “já temos 15 por cento de eucalipto aqui, e é mais do que suficiente. Precisamos fortalecer a agricultura familiar, a produção de leite, carne e alimentação no nosso município. A educação de Ibirapuã, professores, alunos, diretores abraçaram a causa e vêm dizer ‘não ao deserto verde’”.
A ex-presidente da Câmara e professora de Ibirapuã, Elizabeth Rocha, “Beta”, classificou as empresas que plantam eucalipto como insistentes na tentativa de expansão da monocultura no município, por isso, a caminhada, que seria para demonstrar que “nossa luta contra a expansão também não para e vamos continuar, permanentemente, assim”, concluiu. A ex-vereadora é autora da lei que delimita o plantio de eucalipto no município.
O secretário de Agropecuária e Meio Ambiente, Vinícius Chácara, pontuou que: “não somos contra o plantio, somos contra a expansão”. E comemorou: “Tivemos sucesso, a comunidade prestigiou”.
O prefeito Calixto Ribeiro afirmou que não quer um município que tenha 80, 90 por cento do território coberto por eucalipto. “Somos contra a expansão porque temos que ter várias atividades, agricultura familiar, de leite, de cana”, em resumo, o gestor aposta na diversidade econômica que Ibirapuã naturalmente oferece, sendo sede de um dos maiores laticínios do Norte/Nordeste, de empresas como a usina de álcool, a Belo Fruit, uma das maiores exportadoras de mamão do país, e muitas outras, inclusive, as de eucalipto, que contribuem com a economia local, no entanto, o município acredita que os 15% existentes bastam e qualquer expansão já se tornaria prejudicial.
Confira a reportagem em vídeo sobre a passeata.
Vídeo: Bahia Extremo Sul
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