Com a temperatura baixa e muita chuva começam a surgir doenças típicas desta época do ano. Muitas delas possuem sintomas semelhantes umas das outras, a exemplo de gripes, viroses, asma e rinites alérgicas.
Sobre estas patologias, a médica cardiologista e clínica-geral, Maria Amélia Bulhões Hatem, responsável pela Cediba – Centro de Diagnóstico Integrado da Bahia – Garibaldi e Cot, as definiu e explicou como podem ocorrer. No caso da asma, a médica afirma que “é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas. Em indivíduos susceptíveis a esta inflamação causa episódios recorrentes de tosse, chiado, aperto no peito, e dificuldade para respirar”.
Ela explicou que os mecanismos que causam a asma são complexos e variam entre a população. E é importante destacar que “nem toda a pessoa com alergia tem asma e nem todos os casos de asma podem ser explicados somente pela resposta alérgica do organismo a determinados estímulos. A inflamação torna as vias aéreas sensíveis a estímulos tais como alérgenos, irritantes químicos, fumaça de cigarro, ar frio ou exercícios”, alertou.
Outro mal que atinge várias pessoas é a rinite que a especialista define como “uma inflamação das mucosas do nariz. Uma em cada sete pessoas apresenta rinite alérgica, tanto adulto quanto criança. As rinites têm várias causas, desde resfriados, produtos químicos irritantes, até medicamentos e alergia. Os sintomas são muito parecidos entre todos os tipos de rinites e muita gente pensa que rinite alérgica é um resfriado que não passa nunca ou uma `sinusite` com dor de cabeça crônica”, explicou.
“As crises de asma, esta hiper-reatividade brônquica aumenta ainda mais e determina o estreitamento das vias aéreas. Este fenômeno leva à tosse, chiado no peito e falta de ar. A asma é a principal causa de tosse crônica em crianças e está entre as principais causas de tosse crônica em adultos”, advertiu a especialista. Segundo Hatem, caracteristicamente, nesta doença os sintomas aparecem de forma cíclica, com períodos de piora.
Dentre os sinais e sintomas principais, estão: tosse que pode ou não estar acompanhada de alguma expectoração (catarro). Na maioria das vezes, não tem expectoração ou, se tem, é tipo “clara de ovo”; falta de ar, chiado no peito (sibilância), dor ou “aperto” no peito.
Já os sintomas de rinite alérgica, “são espirros em sucessão, especialmente pela manhã; se seu nariz escorrer, e ficar obstruído; se você ficar irritado com coceira no nariz, nos olhos e no céu da boca; se seu olfato estiver ruim e se você tiver dores de cabeça juntamente com outros sintomas semelhantes a estes”, orientou
Gripes, viroses e conjuntivites
Em relação às gripes de época, a especialista disse tratar-se de infecção respiratória causada pelo vírus Influenza. Ela pode afetar milhões de pessoas a cada ano. É altamente contagiosa e ocorre mais no final do outono, inverno e início da primavera. “Existem três tipos deste vírus: A, B e C. O vírus Influenza A pode infectar humanos e outros animais, enquanto que o Influenza B e C infecta só humanos. O tipo C causa uma gripe muito leve e não causa epidemias”, pontuou.
Um dado relevante sobre o vírus influenza é de que “ocorre de maneira epidêmica uma vez por ano. Qualquer pessoa pode se gripar. Contudo, as pessoas com alguma doença respiratória crônica, com fraqueza imunológica, imunidade enfraquecida e idosas têm uma tendência a infecções mais graves com possibilidade de complicações fatais”, assinalou.
Conjuntivite – Além das doenças alérgicas típicas do inverno, a estação fria pode resultar também no agravamento de outras enfermidades como a conjuntivite, uma doença comum durante todo o ano, mas que aumenta o número de casos neste período.
Segundo o oftalmologista e especialista em catarata da Clínica Clivan (Hospital dos Olhos), Amilton Sampaio, a incidência de conjuntivites virais em épocas frias é maior pelo fato das pessoas ficarem mais aglomeradas, favorecendo a proliferação do vírus.
Conforme relata o especialista, no inverno o ar seco diminui a lubrificação dos olhos devido o aumento da evaporação da lágrima gerando alguns problemas oculares. Para ajudar no combate e na melhora da conjuntivite, Sampaio ensina como a pessoa deve agir.
“Além das medidas de higiene como lavar a mão e o rosto várias vezes ao dia e evitar sempre coçar os olhos para não causar outros problemas oculares recomendo ainda colocar uma compressa com Soro Fisiológico gelado no local e não abrir mão da utilização de óculos com proteção ultravioleta para não acarretar outros problemas visuais, principalmente na retina”, explica. O oftalmologista ainda alertou sobre a necessidade de um especialista ser consultado para o diagnóstico correto.
O clima e a cura
Para a médica Maria Amelia Bulhões Hatem, os sintomas da asma e rinite podem aparecer a qualquer momento do dia, mas tendem a predominar pela manhã ou à noite. É possível que também se desencadeiem ataques de asma perante alterações atmosféricas, em especial quando a pessoa se expõe bruscamente ao frio.
De acordo com a especialista, a asma pode ser classificada como intermitente ou persistente. Dentro dos quadros persistentes são definidos diferentes níveis de intensidade da doença: leve, moderada ou grave. Esta classificação se faz de acordo com a presença dos sintomas (frequência e intensidade), o quanto interfere no dia a dia do asmático e, o comprometimento de sua função pulmonar.
No caso da Asma Intermitente, os sintomas aparecem menos de uma vez por semana; crises de curta duração (leves); sintomas noturnos esporádicos (não mais do que duas vezes ao mês); provas de função pulmonar normal no período entre as crises.
Já na Asma Persistente Leve: presença de sintomas pelo menos uma vez por semana, porém, menos de uma vez ao dia; presença de sintomas noturnos mais de duas vezes ao mês, porém, menos de uma vez por semana; provas de função pulmonar normal no período entre as crises.
Na Asma Persistente Moderada: sintomas diários; as crises podem afetar as atividades diárias e o sono; presença de sintomas noturnos pelo menos uma vez por semana; provas de função pulmonar: pico do fluxo expiratório (PFE) ou volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF¹) >60% e < 80% do esperado.
E Asma Persistente Grave: sintomas diários; crises frequentes; sintomas noturnos frequentes; provas de função pulmonar: pico do fluxo expiratório (PFE) ou volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF¹) > 60% do esperado.
A especialista é taxativa em afirmar que não existe cura tanto para asma como para a rinite e explica o porquê: “ Para se tratar a asma, a pessoa deve ter certos cuidados com o ambiente, principalmente na sua casa e no trabalho. Junto, deverá usar medicações e manter consultas médicas regulares.
A rinite alérgica tem tratamento, mas não tem cura. Quem tem rinite alérgica pode viver sem sintomas, como qualquer um, quando a rinite for tratada corretamente”, informou.
Prevenção – O conselho da médica como prevenção de crises de asma, “o asmático poderá usar os corticosteróides, os beta2-agonistas de longa duração e os antileucotrienos, além de ter um bom controle ambiental, evitando exposição aos “gatilhos” da crise asmática. Não há como prevenir a existência da doença, mas sim as suas exacerbações e seus sintomas diários”.
Para a rinite alérgica, ela afirma que a melhor maneira de tratar “é a prevenção, com medidas para diminuir a presença de agentes alérgenos na sua casa. É preciso evitar sempre as substâncias que desencadeiam a crise de rinite.”
Quanto a virose, segundo Hatem, a transmissão ocorre em todos os lugares. É preciso medidas preventivas de higiene para com a água, alimentos, objetos pessoais, o ambiente físico, o cuidado com o sangue e hemoderivados, o uso de seringas e perfuro-cortantes descartáveis, a adequação do número de pessoas ao tamanho dos ambientes, a manutenção de alimentação e sono adequados, aliados à pratica regular de exercícios físicos são as melhores medidas preventivas a serem adotadas.
Fonte: Noemi Flores / Tribuna da Bahia