No tempo da ditadura de 64, lá por volta de 1968, um general da repressão andava de carro pelo centro do Rio, fardado, quando, de repente, se viu tolhido em uma passeata de estudantes. Percebendo o perigo, já que os estudantes começavam a balançar o carro (afinal, naquela época, um desprotegido general, ainda mais fardado, era prato feito para um grupo de estudantes em ato de protesto), o anspeçada motorista perguntou: “_General, o que faço agora?” O General, prontamente: “-Bata em retirada, nem tão depressa que pareça covardia, nem tão devagar que pareça provocação.”
É o que resta para a mídia engajada fazer. Os jornais, rádios e TVs que apoiaram cegamente Serra ou Dilma e, muitas vezes falsearam a verdade, estão agora em sua hora. Dilma venceu e os resultados estão conhecidos. Agora, eles voltarão aos dias normais e aos seus costumeiros leitores. Os dias seguintes irão desmentindo mentiras, desfazendo e publicando maracutaias, restabelecendo verdades. Não se trata de esse ou aquele candidato ganhar. Trata-se do que foi feito para que o candidato ganhasse. Os veículos falsamente engajados, se tiverem praticado malfeitos para favorecer A ou B, vão pagar por isso. Só então será avaliado o peso da bolinha de papel ou da bobina que atingiu a cerúlea careca serrista. Pesarão elas, a bolinha e a bobina, mais ou menos do que o candidato falou.
Vai depender da extensão da verdade ou da mentira que tiver sido contada.
O PÓS…
Pois é, agora é que a jurupoca está piando. Os veículos de comunicação que se esmeraram em atacar e caluniar Dilma Roussef, como a Folha, a Globo e outros, não sabem mais o que fazer para bajular a nova presidente. A TV Globo fez um seriado da vida de Dilma, com ela presente, apresentado por Bonner e Fátima, o chamado casal 45. Foi uma babação sem fim, parecendo que sempre torceram pela vitória da petista. Até uma prima da presidente descobriram na Bulgária.
Deu nojo.
VENCEDORES E VENCIDOS
Não há vencedores ou vencidos entre os que decidem livremente o voto. Esses são os que votam em um candidato, achando que tal candidato será o melhor para o país. São cidadãos livres, que não se deixam influenciar pela religião, por temas pontuais e medievais (a questão do aborto, só para lembrar) e por calúnias contra o adversário. Não importa se ele está votando em Dilma ou Serra, mas os motivos desse voto. Os grandes derrotados dessas eleições? Os caluniadores, os falsos líderes evangélicos (tipo Silas Malafaia), alguns setores da Igreja Católica e o PIG (Partido da Imprensa Golpista). O casal 45 da Globo (Bonner e Bernardes), o Chefe de Jornalismo da Vênus Platinada, Ali Kamel, Dora Kramer (que abjeção) e tantos outros que fizeram campanha através de insultos e mentiras do tipo bobina de meio quilo. Esses são os derrotados. Os que votaram em Serra com boas intenções, não: são brasileiros que entenderam que a proposta tucana era a melhor.
Não há crime nisso – criminosos e derrotados são os outros.
A IGREJA CATÓLICA…
Sabe-se que qualquer generalização é burra e fascista e aqui não fazemos isso. Mas, se olharmos a posição da Igreja Católica nos grandes movimentos políticos modernos no Brasil, veremos que o conservadorismo é prática comum na Igreja. A América Latina caminhava, no apostolado católico, de mãos dadas com a Teologia da Libertação, da “opção preferencial pelos pobres”. Com a eleição do papa João Paulo I, que morreu um mês depois de assumir, parecia que essa opção iria continuar. João Paulo I sucedeu a Paulo VI, o papa que buscou colocar em prática a encíclica “Populorum Progressio”, e depois lançou a Humanae Vitae, que marcou a doutrina católica sobre o aborto e a limitação da natalidade. Na revolução de 1964, no Brasil, a Igreja Católica, através de muitos de seus bispos, apoiou o golpe. Arrependeu-se depois e muitos bispos lutaram contra a ditadura e protegeram perseguidos políticos: D. Quirino Shimidtz, D. José Maria Pires, D. Pedro de Casaldáliga, D. Hélder Câmara e D. Paulo Evaristo Arns foram apenas alguns desses prelados. A Igreja foi, portanto, favorável ao golpe. É só lembrar o Pe. Peyton e a Cruzada do Rosário em Família, as atividades das senhoras católicas de Santana, a atuação da OPUS DEI e da TFP para que isso se possa comprovar. Mas seguia a Igreja, nos tempos de ação libertadora na América Latina, os caminhos da Teologia da Libertação. Foi quando João Paulo II resolveu devolver a Igreja à sacristia e mapeou o Brasil com bispos de sólida formação conservadora. D. Paulo Evaristo foi defenestrado de São Paulo, que teve retalhada a arquidiocese e por aí foi. O prefeito da Sagrada Congregação de Ritos, que zela pela doutrina e comandou esse processo em toda a América Latina, na época era o cardeal Ratzinger, hoje Bento XVI. Foi ele, quando exercia esse cargo, que reduziu o brilhante filósofo Leonardo Boff ao chamado “silêncio obsequioso”: Boff não mais poderia escrever, falar ou dar aulas sobre a doutrina da Igreja. O livro mais visado de Boff foi o “Igreja, carisma e Poder”. Foi a Igreja Católica, comandada por Ratzinger, agora Bento XVI, que tentou influenciar as últimas eleições brasileiras, trazendo para o centro do palco, de maneira equivocada, a questão da descriminalização do aborto e recomendando, veladamente, voto em Serra. Para muitos bispos, Dilma devia ser combatida por suas posições a favor do aborto como questão de saúde pública e a favor do casamento homossexual. Só que essas posições também eram defendidas por Serra, ficando assim marcada a posição desses bispos como uma posição conservadora e desarrazoada. O bispo de Aparecida, D. Raymundo Damasceno de Assis, chegou a mandar imprimir mais de 1 milhão, de panfletos pró-Serra, onde pedia que os fiéis não votassem em Dilma. Foi assim e chegou a comemorar, quando, às vésperas da eleição, Bento XVI determinou aos bispos brasileiros, que estavam em Roma, a orientar os fiéis na votação, deixando, nas entrelinhas, ver que o preferido era Serra. A cúpula da Igreja católica, em sua maioria, foi tucana nessas eleições e muitos bispos usaram o púlpito para influenciar os féis. Houve resistência de uma ala, que não aceitou a manipulação, mas a Igreja mostrou, mais uma vez, uma face conservadora e distante da realidade: pede-se aos bispos que tracem o perfil do candidato ideal e não que façam o chamado “proselitismo do altar”, quando se adota uma candidatura.
Terá agora a CNBB moral para cobrar da presidente eleita qualquer atitude?
A conferir.
TEIXEIRA DE FREITAS
Continuam paradas as obras do estádio municipal. Até quando? Quais as explicações, já que os abatinados não se manifestam e o povo quer saber o que realmente acontece ali? Aliás, quer saber também por que estão paradas as obras da Escola do Colina Verde. Será falta de dinheiro? Onde está o portal transparência da Prefeitura? Afinal, se não há dinheiro, há arrecadação. Onde ela está sendo gasta? E o centro de hemodiálise, por qual motivo parou? E o ladeirão da Urbis, agora com seu trecho de terra aplainado pelos carros, quando será feita a obra? Essas perguntas devem ser respondidas pela municipalidade e com urgência.
O povo quer e precisa saber.
MAIS UMA…
O prefeito padre Apparecido, mesmo sendo do PSDB, apoiou Jacques Wagner para o governo do estado. Nas eleições do primeiro turno, podemos lembrar os resultados pífios que os candidatos a deputado (estadual e federal) de S. Exa. tiveram em Teixeira. Agora, no segundo turno, para presidente, o prefeito apoiou e fez campanha para Serra. Colecionou mais uma derrota: em Teixeira, Dilma teve 64,63% (38.982 votos) e Serra 35,7% (21.332 votos).
Sinal dos tempos?
PROFESSORES MUNICIPAIS
O professorado municipal entrou em paralisação por tempo indeterminado em Teixeira de Freitas. Requerem os mestres aumento de 7%, transferência transparente do FUNDEB e melhores condições de trabalho. Os professores pedem a compreensão dos pais, afirmando que não há como sobreviver e prestar uma educação de qualidade na situação em que vive o professorado municipal em Teixeira.
LUCROS DOS BANCOS – O BRADESCO
Alcançou a maior lucratividade de um banco privado na história do Brasil nesse último bimestre. Por sua vez, o Santander diminuiu sua lucratividade em 4%. Banco hoje é o melhor negócio desse país, símbolo mesmo de uma política de capitalismo selvagem e de juros escorchantes.
Como diria Jô Soares: “Banco é aquele que lhe empresta o guarda chuva quando está fazendo sol e quando vai chover toma o guarda chuva.”
Na mosca.
1822
Mais um livro do escritor e historiador Laurentino Gomes, “1822”. Laurentino Gomes escreveu o bem avaliado 1808, em que narra a vinda da família real portuguesa para o Brasil. Laurentino traz de volta o prazer de ler história.
Recomendamos.
DICA DE CANTORA
Com unção emocionada, esse escriba acaba de ouvir “Strange fruit”, com Billie Holiday. Os frutos estranhos a que se refere a música, são os negros enforcados e pendentes das árvores na década de 1930 em estados racistas dos Estados Unidos, virando frutos para os corvos. Billie canta como se estivesse se rasgando de dor, sem histrionismos vocais desnecessários. A canção, gravada em 1939, é do poeta esquerdista Lewis Allan e até hoje é lembrada pelo público fiel de Lady Day.
É de arrepiar.
TRINCANDO MAIS COM PESSOA
“Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?” (Fernando Pessoa)
“As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.” (Fernando Pessoa)
“Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança não conheço diferença que se sinta.” (Fernando Pessoa)
“Eu não escrevo em português. Escrevo eu mesmo.” (Fernando Pessoa)