Happy Few

Happy Few

Acordei esta manhã com a obrigação de ser feliz, este é o mantra dos livros de autoajuda, mas ao ligar a televisão tenho logo a primeira notícia: “Menina de 7 anos participava da formatura da irmã em uma das escolas mais tradicionais de Petrolina quando saiu para beber água e desapareceu, e o assassinato foi preso, deu 42 facadas.”

Como ser feliz sempre? Porque é demais para suportar. A glândula tireoide secreta um sumo melancólico indizível, e você não sabe onde colocar esses sentimentos que pisoteiam dentro de você.

Mas se alguma coisa há que esta vida tem para nós, é o dom de nos desconhecemos: de nos desconhecermos a nós mesmos e de nos desconhecemos uns aos outros. Não fugimos, por mais que queiramos, à fraternidade universal. Amamo-nos todos uns aos outros, e a mentira é o beijo que trocamos. Vi um quadro numa viagem que fiz a Lisboa que retratava um homem com uma lança atravessada no corpo e a legenda “As pessoas não são nada boas.” Para a mãe desta criança que perdeu um pedaço de si o tempo fica congelado em um último aceno, na lembrança das últimas palavras trocadas com ela.

Retomar uma história brutalmente interrompida sem sua filha exige uma reinvenção de si mesma.. Para viver os dias de hoje, com notícias a cada segundo, sabendo que o que atrai audiência são crimes, mostra o quanto nos acostumamos com a miséria do outro, e para não viver triste, só vivendo com a artificialidade de não sentir.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui