Greve de médicos do INSS afeta 95% das perícias na Bahia, diz associação

De 600 perícias por dia em Salvador, menos de trinta são realizadas.

Profissionais decidiram manter paralisação nesta sexta-feira, na capital.

A greve dos médicos peritos da Previdência Social (INSS) completa oito sem acordo nesta sexta-feira (11), na Bahia. A categoria decidiu manter a paralisação, em assembleia na manhã desta sexta, após falta de pronunciamento do governo.

A greve foi deflagrada no dia 4 deste mês. Já os outros servidores do INSS estão parados há mais de dois meses.

De acordo com João Eduardo Pereira, delegado da Associação Nacional dos Médicos Peritos, cerca de de 600 perícias por dia são realizadas na capital baiana, e cerca de 120 mil por ano. No entanto, mesmo com disponibilidade de 30% do efetivo, grande parte das perícias não estão sendo feitas. Conforme Pereira, menos de 30 perícias estão sendo realizadas por dia.

“O que acontece é que os médicos vão para realizar as perícias e se deparam com problemas admistrativos do INSS, que os impedem de trabalhar. Por conta desse problema administrativo, como dados cadastrais, documentações que precisam ser regularizadas, os médicos não conseguem fazer a perícia. Mesmo com o efetivo disponibilizado, essa questão do administrativo do INSS potencializou o problema com relação aos atendimentos”, disse à reportagem.

A assessoria do INSS informou que no último balanço do dia 9 de setembro, 26.092 perícias médicas haviam sido agendadas; 12.894 realizadas e 8.557 reagendadas no Brasil. O órgão acrescenta que não se pronuncia sobre o impacto causado pela greve.

Sem acordo

Com relação a negociação, segundo a categoria, mesmo após ser comunicado, o governo ainda não se pronunciou. “Encaminhamos um projeto de reestruturação de carreiras e eles [governo] pediram um prazo de três semanas. Chegou ao final do prazo e eles não responderam. Comunicamos algumas vezes, mas não tivemos respostas”, disse à reportagem.

Entretanto, a assessoria de comunicação do Ministério do Planejamento informou que os médicos peritos serão atendidos conforme agenda do secretário da pasta, Sérgio Mendonça. Ainda não há agendamento previsto.

De acordo com o diretor sindical da Associação Nacional dos Médicos Peritos, Luiz Carlos de Deive de Argolo, a greve dos médicos do INSS foi decidida em assembleia realizada no dia 29 de agosto.

Entre os itens da pauta de reivindicações, estão a reestruturação da carreira, que vai desde a jornada de trabalho, bonificações e recomposição salarial, reposição do quadro de funcionários; além de adequação de condições de trabalho, desde item de segurança, campanha de marketing do médico perito; adequação das leis e normas das rotinas administrativas e mudanças nos sistemas do INSS que são inadequados.

Campanha

A greve dos servidores começou no dia 7 de julho na Bahia. De acordo com estimativa do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social do Estado da Bahia (Sindprev-BA), 92% dos servidores aderiram ao movimento.

Das 133 agências no estado, cerca de 70 estão fechadas, segundo o sindicato. E a greve continuará por tempo indeterminado caso não haja negociação concreta com o governo. Todas as sete gerências do estado, localizadas em Salvador, Vitória da Conquista, Barreiras, Juazeiro, Feira de Santana, Santo Antônio de Jesus e Itabuna, estão paradas.

Os servidores da previdência pedem o mesmo reajuste salarial de 27,3%, reivindicado pela categoria que integram, de servidores públicos federais. Ainda segundo o Sindprev-BA, também são pleiteadas melhores condições de trabalho para os servidores, como a mudança no sistema nacional que determina tempo limite para atendimento.

O Sindprev-BA afirma ainda que a categoria pede que o servidor, antes de ser punido por algum benefício concedido erroneamente, seja investigado por meio de abertura de um processo administrativo. Segundo o sindicato, atualmente os profissionais do INSS são penalizados sem qualquer investigação por parte do órgão.

O sindicato informou que o Governo Federal se comprometeu a reverter as duas medidas, e chegou a formalizar a promessa com a categoria, contudo ainda não houve acordo com relação ao reajuste salarial.

Sobre a negociação, a assessoria de comunicação do INSS informou ao G1, no dia 4 de agosto, que não se pronuncia sobre o processo de negociação com as entidades de classe, que é conduzido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).

O INSS também afirmou ter empreendido esforços para orientar as unidades e a Central de Teleatendimento 135, para reagendamento de serviços dos segurados que não são atendidos devido ao movimento de paralisação. O reagendamento pode ser realizado pelo telefone, com exceção de alguns casos, que devem aguardar o fim da greve.

 

 

G1

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