Jogador promete continuar sua ligação com o Corinthians como embaixador internacional do clube
O anúncio da despedida de Ronaldo não significa que deixará o Corinthians. “Apaixonado pelo clube”, como faz questão de frisar, o Fenômeno seguirá trabalhando na equipe, agora fora das quatro linhas. Será uma espécie de embaixador, colaborando para divulgar o nome do clube fora do País. Com sua empresa de marketing esportivo, ainda dará força para levar jogadores ao Parque São Jorge – o amigo Roberto Carlos chegou por sua indicação. Adriano, que a Roma não liberou, também foi sugestão sua. Ele já tinha convencido o Imperador a desembarcar no Corinthians e pode, mais uma vez, intermediar novas conversas.
Uma coisa, contudo, é certa. Ninguém o verá num cargo de comissão técnica ou diretoria. Viagens e concentrações estão fora de seus planos. Ele não suportava, por exemplo, as pré-temporadas de Itu, que até renderam algumas gargalhadas para quebrar o clima na despedida de ontem. “Acho que vou levar a família para passar uns dias em Itu”, brincou. Não gostava, mas mostrava profissionalismo. Agora, atuará bastante no marketing. E tentará seguir conseguindo dinheiro aos cofres de quem o fez renascer, pela última vez, para o futebol. “Serei uma espécie de embaixador institucional, levando o nome do Corinthians para fora (do País), e ajudando a captar cada vez mais.”
Graças ao Fenômeno, a camisa corintiana virou a quarta mais valiosa do mundo, com R$ 50,1 milhões de patrocínios, atrás apenas de Manchester United, Liverpool e Real Madrid. E a marca, a mais rentável do País, com 748 milhões em 2010. Ronaldo fez a Nike renovar por cinco anos com o Alvinegro e levou os produtos da Hypermarcas (Bozzano, Avanço e Neo Química) para estampar a camisa. “E esses patrocínios não mudam até o fim da temporada”, garante o presidente Andrés Sanchez.
Na verdade, a Hypermarcas pretende seguir explorando a imagem de Ronaldo com o Corinthians e estuda a prorrogação do acordo. Claro, com redução já que não terá mais o camisa 9 em campo. Mesmo assim, estuda seguir entre os maiores do País.
Nas arquibancadas
O torcedor também seguirá vendo Ronaldo de perto. Apaixonado pela capital, onde a mulher e os filhos já estão ambientados, o Fenômeno seguirá morando na cidade – numa mansão na zona sul – e garante não esquecer dos companheiros, agora indo apoiá-los nos jogos do Pacaembu. “Muitas vezes vocês vão me ver no estádio torcendo para o Corinthians, estarei sempre perto”, garantiu. Ontem, antes de encarar a imprensa brasileira e mundial, Ronaldo foi a campo se despedir do time. Foi o primeiro momento de emoção no dia. Ele falou por alguns minutos, agradecendo a ajuda de todos, que não se importavam em declarar que “corriam por ele.”
Foram 69 partidas pelo Corinthians e 35 gols, uma média de um gol a cada dois jogos. E para quem pensa que Ronaldo pouco fez no Parque São Jorge, basta lembrar de que seu último gol pelo clube levou o time à liderança do Nacional de 2010, com 1 a 0 sobre o Cruzeiro. Nas duas últimas conquistas de título, o Paulista e a Copa do Brasil de 2009, as vitórias vieram com belos gols do Fenômeno. Nos 3 a 1 diante do Santos, foram duas pinturas na Vila Belmiro, com aplausos até do Rei Pelé. Já nos 2 a 0 diante do Internacional, arranque, drible em Índio e chute certeiro, no canto.
Não por acaso, ele passou o dia recebendo mensagens dos companheiros e até de times rivais, como o meia Rivaldo, do São Paulo, e o técnico Luiz Felipe Scolari, do Palmeiras e com quem comemoraram o pentacampeonato em 2002. “Foi o maior gol dele”, disse Felipão. No Twitter, na rastag #PRASEMPREFENOMENO (ganhou uma camisa do Corinthians com os dizeres) foram muitas as mensagens de “muito obrigado.”
“Ronaldo. Um grande prazer jogar com você CRAQUE!! Valeu pela sua dedicação e sua entrega ao futebol mundial”, postou André Santos. “Ronaldo seja feliz nessa nova fase da sua vida e obrigado por tudo que fez por nós”, seguiu Júlio César. Danilo, Dentinho, Elias, William, Chicão, todos se despediram. E o site do clube nunca recebeu tantas mensagens de agradecimento.
Fonte: Fábio Hecico / O Estado de S.Paulo