Futuro

Futuro

Quero viver tranquilamente neste novo ano, que não compreendo ainda como será. É difícil ver como as coisas vão funcionar se só vi até agora dois dias de 2023, são pequenas partes isoladas do meu viver, e o que assusta é a tecnologia que avança em progressão geométrica além, também, das mudanças climáticas com chuvas devastadoras e nevascas que só aconteceram há cem anos passados.

Onde irá parar o mundo? Que farão os homens com esta tecnologia? Não sei. O mundo está confuso, com a guerra na Ucrânia, a covid, a fome cada vez maior no planeta. Agora tocamos para frente neste janeiro de 2023, só sei que nos escombros de quase 11 meses da guerra na Ucrânia estão soterrados os reinos íntimos, as antigas ternuras, e os sonhos dos ucranianos. Essa pobre Ucrânia está pagando bem caro os crimes do palhaço sangrento Putin.

Para o ucraniano, o futuro avança entre os montões de tijolos, pó e escombros, a desgraça hoje já é monótona. Entretanto, neste país devastado pela maldição da guerra, onde nem os ratos se arriscam mais, o frio abaixo de zero sem eletricidade continua matando.

Os reflexos do sol nos escombros conferem um ar irreal a esta guerra, no meio do frio, destacando prédios bombardeados, evidenciando detalhes ínfimos, capturando a realidade com uma profusão de reflexos amarronzados, sendo que a verdadeira característica do inferno não é o sofrimento que lhe infligem.

O sofrimento é algo banal, inerente a existência. Desde o nascimento, o ser humano sofre em qualquer lugar, o tempo todo, por tudo e por nada. A verdadeira característica do inferno, além da intensidade do sofrimento, é, sobretudo, o fato de não podermos pôr um fim nele, por fim a esta guerra.

Existe hoje uma massa de pessoas famintas, que moram literalmente nas ruas lá, que guardam suas ideias para si e perambulam pelo país sem rumo e nós estamos tão ocupados, mantendo nos em dia com as mudanças dramáticas que acontecem na nossas vidas e no mundo à nossa volta que ignoramos essa massa de migrantes ucranianos e suas vidas precárias.

*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.

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