Cientistas sabem pouco sobre como a cannabis influência o cérebro de adolescentes, quando o órgão ainda está em desenvolvimento. E uma nova pesquisa, que analisou 11 estudos internacionais publicados a partir da década de 1990, apontou que fumar maconha aumentou em 37% o risco de depressão na fase adulta para cerca de 23 mil jovens.
De acordo com o relatório, publicado na JAMA Psychiatry, embora o hábito de fumar não estivesse ligado à ansiedade, os adolescentes que usavam cannabis tinham probabilidade três vezes maior de tentar suicídio. Contudo, os pesquisadores afirmaram que esse cálculo é impreciso: segundo eles, o risco de depressão e pensamentos suicidas é modesto, cerca de 7%. Mas isso não significa que não vale a pena ser considerado, especialmente dada a popularidade da maconha entre os jovens.
“Nossas descobertas sobre depressão e tendências suicidas são muito relevantes para a prática clínica”, disse Andrea Cipriani, psiquiatra da Universidade de Oxford, no Reino Unido. “Embora os efeitos negativos da cannabis possam variar entre adolescentes, e não é possível prever o risco exato para cada um, o uso disseminado de cannabis pelos jovens faz com que seja um problema de saúde pública.”
Os resultados são apoiados por alguns estudos anteriores. Para os pesquisadores, isso sugere que, mesmo na idade adulta, os fumantes de maconha enfrentam risco moderado de desenvolver depressão.
Ainda assim, não há evidências claras de que o uso de cannabis cause diretamente o problema. A explicação é mais complexa: fumar maconha, por exemplo, também está associada a fatores que aumentam o risco de depressão, como dificuldades na escola e desemprego. Além disso, adolescentes ou adultos podem fumar maconha para lidar com sintomas depressivos, não necessariamente causados pela erva.
De acordo com os cientistas, é um assunto difícil de pesquisar, visto que há valores morais para testar a maconha em adolescentes. Como resultado, a maioria dos estudos é feito em animais.
Fonte: Galileu