A aproximação desse indivíduo curioso é sinônimo de comemoração para a diversidade brasileira. Restrito a poucos fragmentos florestais grandes e bem preservados, de acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), acredita-se que a população total da espécie some menos de 50 indivíduos adultos.
O encontro de Jaílson espantou, não só porque ele reconheceu a ave e sua raridade, mas porque ele sabe que ela costuma se apropriar de poleiros mais altos, vivendo apenas no “topo” da Mata Atlântica. “Além de ser um registro raro também foi rara a maneira com que a encontrei”, explica.
Apesar de ter identificado um refúgio seguro para a espécie, esse tipo de situação pode demonstrar o impacto da destruição contínua da floresta original, que ameaça a espécie e cobra a adaptação. Assim, mesmo retornando ao local, nem sempre é possível visualizá-la. “Só de conseguir fazer uma imagem dele, já é muito raro. Por isso, foi um grande privilégio”, descreve.
Jaílson coleciona registros de outras espécies raras da Mata Atlântica e está sempre em busca de aumentar o seu acervo. O ninho de um pica-pau-dourado-grande, uma das espécies menos conhecidas no Brasil, é um dos destaques de seu acervo, vídeos e fotos de uma das aves mais belas do Brasil, o crejoá, também ressaltam no acervo e o registro das harpias compõe o seu trabalho.
Quando os caminhos da natureza se cruzam com observadores experientes, ganham também os que estão em busca de aprender. “Algumas horas, a gente é presenteado pela natureza. Muitos não têm acesso à ela e ao nosso trabalho de conservação e essa é uma maneira de conhecer”, comemora.
Fonte: Gabriela Brumatti, Terra da Gente