Forças Armadas declaram guerra ao Aedes Aegypt

Forças Armadas declaram guerra ao Aedes Aegypt

A última grande mobilização das Forças Armadas Brasileiras (Exército, Marinha e Aeronáutica) no Brasil ocorreu há pouco mais de sete décadas, quando em 1945 a Força Expedicionária Brasileira (FEB) enviou para a Itália, 22 mil soldados para lutar na Segunda Guerra Mundial. Setenta e dois anos depois o Brasil prepara uma mobilização militar 10 vezes maior, com 220 mil homens que vão atuar em 350 municípios no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, Zika e Chikungunya.

Conforme informou a Assessoria de Comunicação do Ministério da Defesa, em Brasília, ainda não está definido a quantidade de militares que irão atuar em cada estado, mas de antemão serão atendidos os municípios que possuam unidades militares. Na Bahia, além de Salvador, Feira de Santana, Barreiras e Paulo Afonso, que possuem Batalhões e Companhias, 16 municípios sediam Tiro de Guerra, que são pequenas unidades militares mantidas em parceria com os as administrações municipais.

Segundo in formou a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), o Serviço de Vigilância Epidemiológica está em entendimento com o Comando da VI Região Militar para saber como serão treinados os soldados das unidades militares sediados nos Estado, e como eles irão atuar, de forma independente ou em ações conjuntas com os agentes de endemias. A Sesab diz que em todos os 417 municípios do Estado existem agentes de saúde contratos pelas prefeituras e que vêm sendo treinados no combate ao mosquito Aedes aegypti.

Na Bahia, até o final do ano passado, foram registrados 66.203 casos do zika vírus em 298 municípios; 24.304 casos de chikungunya em 147 municípios; e 53.842 casos de dengue, em 386 municípios. Salvador liderou o número de notificações de dengue em 2015 na Bahia , com 18.372 casos, seguida de Camaçari (7.191), Itabuna (6.299), Senhor do Bonfim (2.341), Monte Santo (1.797) e Feira de Santana (1.521).

Etapas

Conforme as informações da Assessoria de Comunicação do Ministério da Defesa serão 350 municípios em todo o país, cujos nomes e efetivos militares só deverão ser divulgados a partir da próxima semana. Na última quarta-feira o ministro da Defesa, Aldo Rebelo, informou que a ação dos militares vai ocorrer em quatro fases, sendo que nessa primeira haverá a mobilização nas unidades militares, onde os soldados deverão passar por treinamentos para identificar e destruir os focos do mosquito transmissor da dengue, zoka e chikungunya.

Nas fases subseqüentes haverá a mobilização da população, com atuação dos militares de forma direta no combate aos criatórios do mosquito, e trabalho de conscientização nas escolas e instituições públicas. A primeira fase começa já nesta sexta-feira e deverá se estender até o próximo dia 04. Em todo o País serão mobilizadas 1.200 organizações militares das Forças Armadas que estarão envolvidas na operação de combate ao mosquito Aedes aegypti. O objetivo da ação é chamar a atenção para os cuidados necessários contra o mosquito, além de eliminar possíveis focos de proliferação do Aedes nestes locais.

A segunda etapa, prevista para ocorrer a partir do dia 13 de fevereiro, deverá envolver 220 mil homens e mulheres das Forças Armadas, equivalentes a aproximadamente 70% do efetivo conjunto do Exército, Marinha e Aeronáutica, que irão atuar diretamente nas cidades selecionadas pelo Ministério da Saúde. Serão 60 mil soldados do Exército, 30 mil da Marinha e 30 mil da Força Aérea. Esse contingente atuará em 356 municípios, incluindo todas as capitais e as 115 cidades consideradas endêmicas pelo Ministério da Saúde.

Nessa segunda etapa, os militares farão a distribuição de material impresso com orientações para que a população se informe e se engaje no combate ao Aedes. No panfleto, que deverá ser entregue em aproximadamente três milhões de residências em todo o Brasil, também vai constar um número de telefone local para envio de denúncias sobre onde haja proliferação e criatórios do mosquito. A terceira fase da operação vai ocorrer entre os dias 15 e 18 de fevereiro, quando os militares estarão visitando residências e os principais focos de reprodução do mosquito, em ação coordenada pelo Ministério da Saúde. A quarta e última etapa ainda está em fase de discussão entre o Comando das Forças Armadas e o Ministério da Saúde.

Três mil militares capacitados no combate ao mosquito

A atuação da Marinha, do Exército e da Aeronáutica no combate ao Aedes aegypti, transmissor da Dengue, Zika e Chikungunyas , já vem ocorrendo desde novembro em algumas unidades da federação. Contudo, até agora essa ação é tímida ante a magnitude da doença, que atualmente atinge todos os 27 estados e mais o Distrito Federal. Até então aproximadamente três mil militares estão capacitados para atuar no combate ao mosquito transmissor.

Até agora as ações vinham sendo feitas de forma independente por estados e municípios, que solicitavam aos comandos regionais o uso de efetivo das Forças Armadas no enfrentamento ao mosquito . Com a decisão adotada na última quarta feira pelo ministro da Defesa, Aldo Rebelo, as ações passam a ser uniforme e em cooperação direta com o Ministério da Saúde , e será estendida enquanto perdurar o Estado de Emergência de Saúde Pública de Interesse Nacional, decretado pelo Ministério da Saúde.

O Ministério da Defesa é um dos órgãos que integram a Sala Nacional de Coordenação e Controle ao Aedes aegypti, criada pelo governo federal com o objetivo de gerenciar e monitorar as ações de mobilização e combate ao mosquito. A sala conta com representantes dos ministérios da Integração Nacional, do Desenvolvimento Social e da Educação, além da Casa Civil e da Secretaria de Governo da Presidência da República.

Proporcionalidade

Em todo o Brasil, segundo os dados do Ministério da Saúde, são 115 municípios considerados em situação endêmica da dengue, zika e chikungunya, mas apenas em 59 desses municípios existem efetivos das Forças Armadas. Segundo o Ministério da Defesa, a atuação será proporcional ao efetivo militar em cada estado. Isso, contudo, não vai impedir o deslocamento de tropas para combater o mosquito.

Na Bahia existem unidades e efetivos militares em Salvador, Feira de Santana, Barreiras e Paulo Afonso, além de Tiro de Guerra nas cidades de Alagoinhas, Cachoeira, Santo Antonio de Jesus, Cruz das Almas, Valença, Vitória da Conquista, Itabuna, Jacobina, Jequié, Poções, Serrinha, Itapetinga, Itamaraju, Camaçari e Irecê.

OMS diz que zika se difunde de “maneira explosiva”

A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, disse ontem (28) que o zika vírus está se difundindo de “maneira explosiva”. No Brasil, suspeita-se que o vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, tenha relação com o surto de casos de microcefalia fetal (má formação cerebral em fetos).

“O nível de alarme para a difusão e infeção do zika vírus é extremamente alto”, disse Chan, durante um encontro informativo com os países-membros da OMS. “Estou preocupada. Há 23 países com casos confirmados de zika”, comentou a diretora, ressaltando que as contaminações estão se difundindo rapidamente, que não existe vacina e que as pessoas não apresentam “nenhuma imunidade” ao vírus.

“No momento, a relação entre o vírus e outras doenças, como a microcefalia fetal, ainda não foi estabelecida, mas há fortes suspeitas”, pontuou Chan. O comitê da OMS se reunirá no dia 1 de fevereiro, em Genebra, para analisar a difusão do zika vírus e para decidir se a situação deve ser considerada uma emergência sanitária internacional.

Até o momento, mais de 20 países e territórios na América já confirmaram casos do vírus: Barbados, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, El Salvador, Guadalupe, Guatemala, Guiana Francesa, Haiti, Honduras, Ilhas Virgens, Martinica, México, Panamá, Porto Rico, Paraguai, República Dominicana, St. Maarten, Suriname e Venezuela.

Nesta semana, a OMS já tinha emitido um alerta de que o vírus deve se espalhar pelo continente americano. A previsão é de que sejam registrados de três a quatro milhões de casos na região. Apenas Chile e Canadá, onde as temperaturas são mais baixas e não favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, devem contabilizar menos infecções. Outros países da Europa, como Itália, também já relataram casos de contaminação.

“No Brasil, realmente está acontecendo alguma coisa, e a única explicação está ligada ao zika”, comentou Marcos Espinal, repsonsável por doenças infeccionas na América da OMS. Desde dezembro do ano passado, o Brasil já registrou aproximadamente 3,8 mil casos de zika. No final do ano passado, o Ministério da Saúde estabeleceu a relação entre o aumento da microcefalia no nordeste do país e a infecção por zika. Até agora, as autoridades de saúde brasileiras, com apoio da OMS, estão investigando qual o efeito que o zika poderia ter sobre os fetos.

De acordo com a análise preliminar, o risco de aparição de microcefalia e malformações estaria associado com a infecção no primeiro trimestre da gravidez. As grávidas têm o mesmo risco que o resto da população de serem infectadas com o vírus zika, que é transmitido pela picada de um mosquito Aedes contaminado. Muitas delas podem não saber que têm o vírus, por não terem apresentado sintomas. Apenas uma em cada quatro pessoas apresenta sintomas de infecção por zika e, entre as que são afetadas, a doença é geralmente leve.

Os sintomas mais comuns são febre e exantema (erupção cutânea ou urticária), muitas vezes acompanhados por conjuntivite, dores musculares ou nas articulações, com um mal-estar que começa entre dois e sete dias após a picada de um mosquito infectado.

Tribuna da Bahia

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