Seis órgãos do governo do estado são escalados para encontrar possíveis documentos que poderiam esclarecer posse de um filete de terra no Extremo Sul da Bahia. Porém, mapa não muda
O governo mineiro montou uma “força-tarefa” para esclarecer a curiosa história de que o estado teria a posse de um filete de terra no Extremo Sul da Bahia que dá acesso ao mar, como mostra reportagens do Estado de Minas, publicadas desde quarta-feira. Profissionais de seis órgãos foram escalados para localizar possíveis documentos de que o Palácio da Liberdade tem a posse de um trecho que vai da divisa entre os dois estados à cidade histórica de Caravelas, num toral de 12 quilômetros de largura por 142 quilômetros de extensão.
Vale lembrar que o polêmico assunto não altera o mapa do Brasil. Tampouco significa dizer que aquele pedaço de chão será incorporado ao território mineiro. Na prática, sendo localizado documentos que confirmem a história, é como se Minas fosse uma pessoa física ou empresa com o título de posse de uma área no estado vizinho, devendo obedecer às leis de lá.
“Não muda nada no mapa nacional. Seria uma propriedade do ente federativo Minas (no território da Bahia)”, disse Leonardo Barbabela, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Público do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Profissionais do governo baiano também estão empenhados em localizar os possíveis documentos nos órgãos públicos de lá.
Por outro lado, a história aguça a imaginação de mineiros em, um dia, olhar de perto as ondas do Altântico que banham Caravelas e dizer: “Olha aí o nosso mar”. Essa frase foi escrita por Fernando Brant (1946-2015) numa reportagem publicada na revista O Cruzeiro, em 1973, sobre o mesmo assunto. Anos depois, ele se tornaria o principal compositor de Milton Nascimento.
A história do “mar de Minas”, revelou o então repórter, tem início com a ferrovia Bahia-Minas, que ligou Ponta de Areia (BA) a Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha. Inaugurada em 1881, seria desativada em 1966. A estrada de trilhos foi construída por uma empresa privada, que recebeu a terra em questão de Dom Pedro II como incentivo para a construção da ferrovia.
Paulo Henrique Lobato/em.com.br