O mundo é como é porque nós o fizemos assim. Se pudesse flexibilizar a história do Brasil, mudaria um destes dois momentos, a não concretização do golpe de 64 ou que Tancredo Neves cumprisse seus quatro anos de mandato.
Nasci no governo de Juscelino Kubitschek, e tinha apenas sete anos no golpe de 64, nesta idade você não pode ser manipulado, e vinte sete na morte de Tancredo Neves, onde já tinha consciência das sombras que rondavam nosso pais. Já que Sarney era fruto de oligarquias e tudo mudou para pior com estes eventos históricos.
Na flexibilização não existiriam as mortes na ditadura, não existiria a anistia, para tantos que sofreram fora do país, e com Tancredo Neves os tempos liberais começariam mais cedo. Já no século passado, Mary Shelley escreveu “cada centímetro da existência humana, do seu nascimento à sua morte, é determinado por uma negociação ao redor de um balcão”.
Não temos ainda está economia livre. Injustiça social, pobreza e corrupção, estes problemas seriam menores. A memória do país seria outra. O que vivemos hoje é um reflexo do passado.
Está condição de vida reduzida da maioria dos brasileiros, onde existe um código de sociabilidade banal – pontuada de pequenas mentiras – que rege a relação entre conhecidos, entre parentes e amigos, principalmente na busca pela sobrevivência diária e no exercício da cidadania.
Em algum lugar fora de nosso campo de visão uma criança está chorando por falta de comida. O bem-estar e conforto mais elementar e a saúde básica… hoje não valem um grão de areia, já que todos nós fomos jogados na garganta do monstro devorador do vírus e insensates política.
*João é natural de Salvador, onde reside. Engenheiro civil e de segurança do trabalho, é perito da Justiça do Trabalho e Federal. Neste espaço, nos apresenta o mundo sob sua ótica. Acompanhe semanalmente no site www.osollo.com.br.