Filósofo

Filósofo

A dor conduz o homem às religiões e a filosofia. Li “Assim falou Zaratusta”, de Nietzsche,
um livro para todos e para ninguém. É um livro escrito entre 1883 e 1885, que influenciou significativamente o mundo moderno. O livro conta a história de um pensador que desce das montanhas para ensinar aos homens o que descobriu em seu isolamento. Ele não é meu filósofo favorito. É certo que é a dor que conduz à reflexão, só que Nietzsche era atormentado demais, demasiado frágil. Tudo por causa das mulheres, em especial UMA mulher: a bela russa Lou Salomé.

A filosofia de Nietzsche seria diferente se Salomé não o rejeitasse. Provavelmente, ele nem perderia tempo filosofando. Sua dedicação seria exclusiva ao amor, aos filhos, ao sustento da família. Mas Salomé o esnobou e aí só o que restou a Nietzsche foi a posteridade. Para mim, seu grande legado é o arremate da sua tragédia: aos 44 anos, o filósofo estava em casa, em frente a uma praça de Turim, quando viu um cavalo sendo açoitado violentamente pelo dono. Saiu correndo para a rua, interrompeu o espancamento aos gritos e abraçou-se ao pescoço do cavalo. Em seguida, caiu em um pranto desesperado e desmaiou. Acordou louco, e louco permaneceu por mais 11 anos, até morrer.

Esse episódio fala mais do que todas as frases inteligentes que Nietzsche escreveu durante a vida. Porque mostra a sua extrema sensibilidade em relação à iniquidade. Ao testemunhar uma injustiça e uma crueldade contra um ser inocente. Nietzsche correu para interferir. Mas, mesmo tendo interrompido o mal, sabia que seu socorro seria inútil. Sabia que o cavalo de Turim voltaria a ser seviciado pelo carroceiro e que outros cavalos, outros animais e outros seres humanos se tornariam vítimas da perversidade do homem, em toda parte, em todo tempo. Nietzsche enlouqueceu por não suportar a ideia de que a maldade é invencível.

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