“Vejam como é grande o amor que o Pai nos concedeu: que fôssemos chamados filhos de Deus, o que de fato somos! Por isso o mundo não nos conhece, porque não o conheceu.” (1 João 3.1)
Nem sempre nos damos conta da grandeza de sermos filhos de Deus. A frequência com que usamos o termo talvez produza uma certa relativização de seu sentido, tornando-o “lugar comum”. Mas, na verdade, ele é especial. Ser filho ou filha de Deus envolve aspectos muito especiais. Se tivermos mais consciência deles certamente a vida ganhará motivações, coragem e propósitos novos. O primeiro diz respeito a pertencimento. Ser filho ou filha de Deus é pertencer a Deus. Não como um objeto que pertence a um dono, mas como um filho pertence a uma família e participa de privilégios, direitos e responsabilidades. Num sentido que inclui ser conhecido, reconhecido e ter um lugar. Pertencer é o que nos salva quando nos perdemos em nossos desvios. Sabemos para quem e para onde voltar. E podemos voltar. Lembra-se do filho pródigo?
O segundo diz respeito a ter uma história. No caso, uma história ressignificada porque entra em nossa história a história do amor de Deus. Por mais difícil ou feia que seja a nossa história, chega um momento em que Deus entra nela e toda dificuldade ou feiura perde o poder de trazer vergonha. Tudo se faz novo sem precisar apagar o velho. E, na verdade, o velho torna ainda mais belo o novo! Nossa insuficiência realça a abundância de amor e graça que nos alcança quando Deus nos abraça como filhos. O terceiro diz respeito a ter uma missão. O amor que nos alcança nos comissiona a leva-lo a outros. Não há amor a Deus que não se revela em amor ao próximo. A missão fundamental da vida cristã não é salvar o outro, é amar o outro. O nosso amor é o que dá sentido a mensagem de salvação que possamos transmitir. E, por fim, quem salva é Deus ao abraçar o outro como nos abraçou. Como nós, o outro é salvo por se saber amado, e temos a missão de ser, com nosso amor, o primeiro anuncio do amor de Deus.
O quarto aspecto diz respeito ao futuro. Ser filho ou filha de Deus significa ser herdeiro de uma esperança irremediável, uma esperança que supera toda desesperança. Porque tudo já está consumado. Foi Cristo quem concluiu a obra que nos faz quem passamos a ser com o amor e o abraço de Deus. Porque, de fato, apesar de limitações e fraquezas, já somos filhos de Deus, não viremos a ser. O absoluto dessa relação com o Pai tornou-se apenas uma questão de tempo. O futuro já está resolvido e inclui todos os anos a serem vividos aqui e uma eternidade que pouco sabemos o que seja ou como seja, mas que nos empolga em lugar de assustar. Como filhos podemos descansar na certeza de que estaremos com Ele, com o Deus que nos fez Seus. Como diria Davi, habitaremos na casa do Senhor eternamente” (Sl 23.6). Graça a Deus, que nos fez Seus filhos e filhas em Cristo!