Buerarema: Filho de produtor é preso, grupo acha que é índio e cerca delegacia

Homem foi detido por tropas da Força Nacional com porte ilegal de arma.

Região da Serra do Padeiro vive um intenso conflito por disputas de terras.

Buerarema: Filho de produtor é preso, grupo acha que é índio e cerca delegaciaUm homem foi preso por tropas da Força Nacional de Segurança na Serra do Padeiro, sul da Bahia, região alvo de disputa de terra entre produtores rurais e índios, nesta terça-feira (10), na cidade de Buerarema, por porte ilegal de arma de fogo. Segundo o delegado Francesco Santana, que lavrou o flagrante, a população chegou a pensar que o rapaz era índio e cercou a delegacia.

“Ele foi abordado na estrada que dá acesso à aldeia dos Tupinambás [de Olivença] e o centro de Buerarema. A comunidade, que já está exaltada, pensou que se tratava de índio e se aglomerou na porta da delegacia. Havia possibilidade de linchamento. Ele não é índio”, diz.

O delegado afirma que o detido portava uma espingarda de calibre 36, geralmente usada para caça, e alegou que não iria usar a arma para prática de crimes.

“Ele falou que costuma caçar, que a arma estava desmontada e desmuniciada. Ele foi conduzido, autuado e arbitrei fiança”, aponta Francesco Santana. “Não é permitido a ninguém usar arma sem porte”, ressalta.

O coordenador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Ednaldimar Barbosa, também afirmou que a pessoa presa é um não-índio.

“Os índios já fizeram a retomada de toda as terras [da Serra do Padeiro], só ficaram os micro-proprietários. Essa pessoa disse que estava com espingarda para caçar e foi levada. Como achavam que era um indígena, a população fez uma tentativa de linchamento”, comenta.

O conflito

A localidade conhecida como Serra do Padeiro, entre Buerarema, Una e Ilhéus, é alvo de disputa entre índios e fazendeiros. De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), indígenas estão ocupando fazendas que se encontram no interior da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, que pertence aos índios Tupinambás.

O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirma que 300 indígenas Tupinambás participam das ações de ocupação das fazendas, que ficam em uma área de 47.376 hectares. Segundo o Cimi, entre o dia 2 e 13, 40 propriedades foram retomadas. O órgão conta que a área foi reconhecida pela Funai e que o processo estaria parado no Ministério da Justiça, o que teria motivado a ocupação das terras.

No entanto, Luis Uaquim, presidente da Associação dos Pequenos Produtores, alega que a área ainda não foi demarcada. “São locais de 2, 3 hectares. Não tem nada homologado. Nada que diga que é uma área indígena”, afirmou. Ele conta ainda que os índios estariam sendo violentos durante a ocupação das propriedades.

Eles [os índios] contratam pessoas e elas se vestem de índio, e vão atirando, tocando fogo nas propriedades. Eles [os fazendeiros] estão vivendo um terror. Eles moram lá e não têm pra onde ir. Isso é terror mesmo”, apontou Uaquim.

Segundo o Cimi, na noite do dia 14, um caminhão que transportava alunos da Escola Estadual Indígena Tupinambá da Serra do Padeiro foi alvo de tiros oriundos de um homem que se encontrava em cima de um barranco. Duas pessoas ficaram feridas. Para o órgão, o objetivo do atirador era atingir um homem que seria irmão de um cacique Tupinambá.

 

 

Fonte: G1

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