Todo mundo que viaja de férias já teve essa experiência nos dois últimos dias antes da viagem de volta: não está mais lá. Acabou a graça. Na viagem ao Vale do Capão, os pensamentos que vieram comigo de Salvador desapareceram. Desembarquei de mim mesmo, sem televisão, sem computador, apenas o celular, que hoje é indispensável para alguma emergência. Meu corpo começou a seguir o tempo biológico, acordar quando o sono acaba, comer quando dá fome, andar quando se tem vontade. Desligado do tempo urbano, o corpo vai sendo contagiado pelo tempo da natureza. De noite, sem televisão, no silêncio, a gente ouve a música das estrelas. Elas falam de eternidade, e sentimos que nossas preocupações urbanas são sem muito sentido. Mas logo termina o tempo que me foi dado, e a cabeça volta a pensar. Embarco de novo em mim mesmo, e a cabeça, um dia antes de voltar, já tem pensamentos urbanos, ainda mais neste mundo com tantas obrigações que vivemos.
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