Na primeira vez que fui ao Rio de Janeiro fiquei encantado com tanta beleza, mas vi as favelas e pensei, é como dar um soco de pobreza e escuridão em tanta beleza. Aqui em Salvador certa vez, tinha que fazer uma perícia de um entregador de gás, no bairro da Paz e perguntei ao reclamante. “É perigoso?” Ele respondeu: Doutor, lá nem o correio entra.
Fiz a perícia de Uber e ele junto. É uma área degradada, com moradias precárias com alta mortalidade infantil, os favelados com dentes podres, pessoas construindo seus barracos as quatro da manhã, ou tomando banho com uma caneca e um balde de plástico, muitas prisões e invasão de residências, muitos alcoólicos e desempregados usando drogas, se eu tirasse a foto de uma família de favelados, casal e dois filhos e voltasse 25 anos depois, seria tempo demais para as crianças descartarem a casca de cobra da inocência: criar o hábito de beber, ter brigas, engravidar.