A maior rede social do planeta atualizou recentemente suas regras e estabeleceu que seus moderadores podem apagar imagens que ridicularizem pessoas e estabeleceu algumas exceções, que incluem Jesus Cristo. Mas, o Facebook continua não admitindo qualquer publicação considerada ofensiva sobre Maomé, símbolo do islamismo.
Os moderadores da empresa seguirão um manual com regras que definem o bullying, por exemplo, como “um ataque às pessoas com a intenção de ridicularizá-las ou silenciá-las”. No entanto, o mesmo documento distingue “pessoa” de “figura pública”, que é o termo usado na regra para qualquer perfil com mais de 100 mil seguidores.
As figuras públicas são políticos e artistas em geral, mas de acordo com o jornal inglês The Guardian, nesses casos, o Facebook não ordena a “proteção” contra piadas agressivas. Ainda de acordo com a reportagem, essas exceções servem para qualquer um “que seja mencionado [por nome ou apelido] no título ou subtítulo de cinco ou mais notícias publicadas pela mídia nos últimos dois anos”.
Esse critério abre uma brecha para que o ódio religioso contra cristãos e a religião em si, pois a “exclusão de proteção” para figuras públicas presentes na mídia tem uma lista prévia, com nomes como Jesus Cristo, Osama bin Laden, o serial killer Charles Manson, estupradores e “pessoas que violam regras de discurso de ódio”.
O manual orienta os moderadores sobre esses casos: “Queremos excluir certas pessoas que são famosas ou controversas e não precisam de nossa proteção”.
“Permitimos um discurso mais forte relacionado com as figuras públicas, mas removemos toda fala sobre essas personalidades quando ultrapassam a linha e se tornam discurso de ódio, ameaça ou assédio”, disse Monika Bickert, chefe de departamento de políticas globais no Facebook.
A lista de figuras públicas que não precisam de preservação de imagem – ou proteção, na linguagem usada pelo Facebook em seu manual – não inclui, por exemplo, o fundador do islamismo, Maomé. Piadas contra o profeta muçulmano estão na lista das proibidas.
Recentemente, o Facebook concordou em censurar publicações consideradas ofensivas pelos muçulmanos, aceitou a exigência do governo paquistanês para formar um grupo “para fazer uma análise prévia desse tipo de conteúdo na rede social”.
A controvérsia não para por aí: algumas “figuras públicas” – como por exemplo a cantora pop Rihanna – integram uma lista que recebe tratamento especial, e os moderadores do Facebook têm autorização para deletar imagens que façam piadas em termos agressivos contra elas.
Em resumo, a empresa de Mark Zuckerberg admite a “zoeira” com Jesus, porque isso se encaixa na tendência do secularismo que cresce nos Estados Unidos, Europa e outros centros urbanos, mas não tem disposição para garantir o mesmo critério quando se trata de Maomé.