Há 37 anos, o primeiro presidente civil do Brasil pós-ditadura foi eleito. De lá para cá, o país acumula sete ex-presidentes da República que, em 2021, custaram aos cofres públicos R$ 5,8 milhões. Para efeitos de comparação, a quantia seria suficiente para bancar 14.530 parcelas do valor médio do Auxílio Brasil.
Cada ex-inquilino do Palácio do Planalto tem direito aos serviços de quatro servidores para atividades de segurança e apoio pessoal, a dois veículos de luxo com motoristas e ao assessoramento de mais dois servidores. Os salários e custos com viagens desses servidores são pagos pela União. Atualmente, todos os ex-líderes utilizam os benefícios descritos na Lei nº 7.474/1986 e ajustados pelo Decreto nº 6.381/2008.
Os dados foram disponibilizados pelo Portal de Dados Abertos da Presidência da República. Na lista, constam José Sarney (MDB), Fernando Collor (PROS), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
Entre os maiores gastos, está o de Lula, que demandou dos cofres públicos um total de R$ 1.163.461,90 ao longo do último ano. Esse valor inclui despesas com os salários da equipe (R$ 647.097,52), diárias e passagens dos servidores (R$ 498.124,67), manutenção dos veículos e combustíveis (R$ 15.860,14) e serviços de telefonia e taxas (R$ 2.379,57).
Depois de Lula, sua companheira de partido, Dilma Rousseff, figura no segundo lugar em gastos, um total de R$ 1.089.017,27. Seguem na lista: Collor (R$ 1.062.711,64), Temer (R$ 910.159,71), Sarney (R$ 824.288,73) e Fernando Henrique (R$ 762.445,07).
Veja as despesas de cada ex-presidente em 2021:
- Viagens
Além dos salários pagos aos servidores, chamam a atenção as cifras relativas às viagens realizadas pela equipe dos ex-presidentes. Após Lula, os assessores de Collor foram os que mais gastaram com diárias e passagens — um total de R$ 254.087,88. Seguem na lista: Dilma (R$ 148.207,65), Temer (R$ 83.162,68) e Sarney (R$ 61.362,06).
O ex-presidente Fernando Henrique não teve gastos com esse tipo de despesa no período.
Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) Marílson Dantas, especializado em administração pública, o benefício financeiro pago aos ex-presidentes é uma forma de garantir a segurança do importante cargo que foi ocupado por eles, mas essa prerrogativa deve ser usufruída sem exageros.
“O Estado precisa assegurar a segurança dos ex-mandatários, mas cabe-lhes também utilizarem os recursos públicos com parcimônia”, explica.
A reportagem procurou a assessoria da Presidência e dos ex-presidentes. A assessoria de Michel Temer disse que o ex-presidente está em viagem e que não gostaria de comentar o assunto. Os outros ex-mandatários, até o momento da publicação, não responderam ao pedido de pronunciamento. O espaço continua aberto.
Fonte: Metrópoles