Jovem de 23 anos foi encontrado enforcado com lençol em que dormia.
Delegado suspeita que ele tenha sido colocado em cela com desafetos.
O presidiário de 23 anos encontrado morto por enforcamento dentro de uma das celas do presídio de Eunápolis, na região extremo sul da Bahia, pode ter sido assassinado por conta de uma rixa entre facções rivais. A principal suspeita da polícia é de que ele tenha sido morto pelos próprios colegas de cela. A informação foi informada à reportagem na tarde desta terça-feira (17) pelo delegado Marivaldo Santos, que acompanha o caso.
De acordo com o delegado, existe uma rivalidade dentro do presidio entre as facções de Porto Seguro e o de Eunápolis. “A gente suspeita que o morto fazia parte do Eunápolis e foi colocado na mesma cela do grupo rival. O presídio, às vezes, não consegue identificar quem é membro desse ou daquele grupo e acaba colocando juntos”, disse o delegado.
A Polícia Civil ouviu dois dos seis detentos que dividiam cela com a vítima. Em depoimento, eles negaram qualquer envolvimento na morte. “Eles disseram que estavam dormindo e que, quando acordaram, viram o companheiro já pendurado e morto. A gente, no entanto, desconfia, porque é difícil acreditar que ele tenha se suicidado no meio de seis pessoas sem que algum se prontificasse a socorrer”, disse.
A hipótese de suicídio, no entanto, ainda não foi totalmente descartada, segundo o delegado. “Vamos esperar o laudo da polícia técnica. A hipótese de suicídio não foi descartada porque, numa primeira vista, não foi observado sinais de tortura. Somente a autópsia, que deve ser concluída em trinta dias, vai dizer”, destacou.
De acordo com o delegado, o morto tinha sido preso durante operação policial em Eunápolis, há dois meses, sob suspeita de roubo. Ele passou três semanas em uma área de adaptação no presídio. Depois, foi levado para a cela, onde estavam os outros seis detentos. Ele passou uma semana no local.
Os outros quatro colegas de cela que ainda não foram ouvidos devem prestar depoimento nesta quinta-feira (19). A Polícia Civil tem prazo de 30 dias para concluir a investigação, antes de encaminhar à Justiça.
Caso
O presidiário foi encontrado morto na cela na segunda-feira (16). Segundo a direção da unidade prisional, o jovem de 23 anos estava pendurado e com o lençol em que dormia enrolado no pescoço. Ele estava detido há cerca de 60 dias.
Segundo o Major Gilson Paixão, diretor do presídio, o preso morto residia em Porto Seguro e respondia por crimes de sequestro e porte ilegal de armas. “Todos os presídios têm facções iniciadas ao lado de fora. Quando eles vêm para dentro, [presos] já encontram animosidade e aí começam a guerra dentro da unidade. A briga vem de fora”, afirmou. A direção afirma que ainda não sabe a causa da morte.
Fonte: G1