Eunápolis completa 60 anos

Eunápolis completa 60 anos
Foto: Atlântica News
A cidade teve sua origem num acampamento de trabalhadores instalado no Quilômetro 64, que depois se tornou povoado e hoje é sede do município de Eunápolis

Teoney Araújo Guerra

Em novembro de 1950, a Construtora Emenge, que construía o “Ramal” – estrada que liga Eunápolis a Porto Seguro (BR 367) -, transferia o seu acampamento para o quilômetro 64, etapa final da obra*, e a pedido do engenheiro-chefe da empresa, Antônio Gravatá Filho, o padre Emiliano, então pároco de Porto Seguro, celebrou uma missa em ação de graças no local.

A missa foi celebrada no dia 5 de novembro, após o local ter sido preparado, inclusive com a fixação de um Cruzeiro na parte central – que depois tornou-se uma praça. Durante a Homilia**, o padre proferiu a frase: “Aqui há de surgir um centro progressista, onde cristão haverão de elevar bem alto os nomes de Jesus e do Brasil”, que se tornou célebre, por vaticinar o desenvolvimento daquele acampamento, que se tornaria povoado e depois cidade, Eunápolis.

A partir daí, a data passou a ser considerada, dia de criação do povoado que originou Eunápolis, e o local denominado de “Quilômetro 64”, uma referência à distância existente entre o acampamento e a cidade de Porto Seguro.

Segundo os originais de um livro inacabado deixado por Wanderley Nascimento – um dos pioneiros -, “como o pagamento dos operários era feito na sede da EMENGE, as famílias de alguns tarefeiros e operários, começaram a instalar pequenos butecos nas proximidades da empresa, margeando a BA 02 – hoje BR 101 -e a rodovia de Porto Seguro. Januário Neres, morador mais antigo, juntamente com o ex-proprietário de terras, Joaquim Quatro, instalou um casebre que servia de pensão e depósito a pessoas e mercadorias em trânsito para Porto Seguro (…) Foi assim que, de barraco em barraco, de família em família, o acampamento foi tomando forma de povoado”, relata Wanderley.

Segundo diversos relatos, a povoação era formada por casas – a maioria de taipa, coberta por “taubilhas” -, localizadas nas imediações de onde hoje é a praça Dr. Eunápio Peltier de Queiroz.

Naquele tempo, a BA 2, que ainda era de terra batida, tinha um traçado diferente. Era o mesmo até onde hoje é o Gusmão, e a partir daí, seguindo por onde hoje é a rua 13 de maio; cortava o hoje vale do Bueiro, de lá seguia por onde hoje são as ruas Elza Couto e Gravatá, circundava a praça do Cruzeiro – primeira denominação dada à hoje praça Dr. Eunápio -, seguia pela rua da Meia Água – antiga denominação da avenida Porto Seguro – tomando o rumo de Guaratinga.

A povoação cresceu numa área limítrofe dos municípios de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, o que motivou disputas por parte das duas administrações durante muitas décadas. A briga que tinha como principal motivo a cobrança de impostos. O litígio só teve fim em 1965, quando o governo estadual estabeleceu a linha divisória. Cerca de 80% da área do povoado ficou para o município de Santa Cruz Cabrália, e o restante pertencendo a Porto Seguro.

O povoado que em 1953 foi denominado de Eunápolis teve dois períodos de muito desenvolvimento. O primeiro, na década de 60, com a chegada dos sertanejos de Ribeira do Pombal – o pioneiro foi o comerciante José Dantas -, que, com os seus “atacados”, tornaram o povoado um grande centro comercial. Depois, na década de 70, após a construção da BR 101, que propiciou o ciclo madeireiro – tendo os capixabas, principalmente, como principais personagens – e a consolidação de Eunápolis como principal centro comercial e de serviços da região.

Em 12 de maio de 1988, o povoado foi emancipado, se tornando município, com o território desmembrado dos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália.

DATA ESQUECIDA

Durante muitas décadas, o 5 de Novembro foi comemorado como a principal data da história de Eunápolis, com grandes festas: gincanas, desfiles e bailes de gala. Porém, com a emancipação, esse dia foi perdendo em importância, e as grandes comemorações sendo realizadas no dia 12 de maio, até ser praticamente esquecida.

Durante a construção da estrada – que teve início em meados da década de 40 -, o acampamento mudou de local várias vezes, acompanhando o avanço da obra, que teve início a partir de Porto Seguro. Assim, o acampamento do quilômetro 64 foi o último.

 

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