EUNÁPOLIS – Buscando esclarecer os dados divulgados pelo “Atlas da violência”, nesta sexta-feira (15), que colocam Eunápolis e Porto Seguro entre os munícipios mais violentos do país (em 2º e 4º lugares, respectivamente), o coordenador da 23ª coordenadoria de Polícia do Interior, Moisés Damasceno e o comandante do 8ª Batalhão da Polícia Militar, major Anacleto França divulgaram uma nota pública.
O estudo, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, coloca Eunápolis e Porto Seguro entre os cinco municípios, com até 100 mil habitantes, mais violentos do Brasil. Os outros municípios baianos que aparecem na pesquisa são Simões Filho (3º), Lauro de Freitas (5º) e Camaçari (9º).
A informação também foi contestada pela Secretaria de Segura Pública da Bahia (SSP), que ressalta que é um equívoco utilizar a análise de saúde pública fornecida pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) como fonte para discutir o tema da violência no país.
A Secretaria de Segurança Pública esclarece que as taxas de Crimes Violentos Letais Intencionais (homicídio, latrocínio e lesão corporal dolosa) nos dois municípios foram de 96,3 e 64,4 em Eunápolis e em Porto Seguro, respectivamente. “Diferentemente do apresentado pelo Fórum, a contabilidade não inclui as ocorrências de legítima defesa, de criminosos mortos em confronto com a polícia e de mortes a esclarecer”, destaca a nota encaminhada pela secretaria.
Ainda segundo a nota da SSP-BA, a pesquisa realizada pelo IPEA e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública descarta completamente o levantamento do Ministério da Justiça, realizado com base nos dados fornecidos pelas secretarias estaduais de Segurança Pública.
DADOS INCONSISTENTES – O comandante do 8º BPM, em Porto Seguro, major França, é enfático em afirmar que os dados referentes a 2016 estão errados. “Esses dados não encontram parâmetro em nenhum indicador oficial e constitui-se num erro grotesco de informação”, ressalta França.
De acordo com o comandante, o número de homicídios em 2016 foi de 90 crimes, gerando uma taxa de 61 homicídios para cada 100 mil habitantes, e não 101 para cada 100 mil habitantes, conforme divulgado.
Para França, a divulgação da matéria e da pesquisa levaram em consideração os números totais de crimes ocorridos por cidade, gerando dados inconsistentes e desconexos da realidade. “É fundamental, quando da divulgação de dados, observar, com clareza, se estes verdadeiramente correspondem aos fatos, porque no caso, a divulgação equivocada de dados incorretos contribui para o aumento da sensação de insegurança na população e prejudica o trabalho de prevenção criminal”, alerta o comandante.
Ele reconhece que o número de homicídios em Porto Seguro precisa de melhores resultados, entretanto, “o dado divulgado é quase o dobro do correto”.
NÃO CONDIZEM COM A REALIDADE – Já o coordenador da 23ª Coorpin destaca que os dados não condizem com a atual realidade. “Cumpre-nos destacar que os dados referem-se ao ano de 2016, ocasião em que o município registrou 110 homicídios. Em 2017, esses números caíram para 54. Ou seja, nem de longe os números divulgados condizem com a realidade atual do município”, esclarece Damasceno.
De acordo com o Moisés Damasceno, a redução da criminalidade em Eunápolis nos últimos dois anos já rendeu, inclusive, no último mês de março, uma premiação do Governo do Estado aos profissionais de segurança pública que atuam em toda a Área Integrada. “Os dados de 2016 do Atlas da Violência servem apenas para confirmar a importante redução de Crimes Violentos Letais Intencionais alcançada em apenas um ano de efetivo trabalho de todo um time”, destaca ele.
O comandante do 8º BPM e o coordenador da 23º Coorpin destacam que foram implementadas melhorias significativas na segurança pública dos dois municípios nos últimos anos.
Fonte: Radar64