Eu e o outro

“Cada um de nós deve agradar ao seu próximo para o bem dele, a fim de edificá-lo. Pois também Cristo não agradou a si próprio, mas, como está escrito: Os insultos daqueles que te insultam caíram sobre mim.” (Romanos 15.2-3)

A fé cristã não é um caminho de regras, mas de valores, de princípios e de fé. Por isso, diante de cada orientação que encontramos nas Escrituras devemos procurar compreender e discernir o princípio e valor que ela está nos transmitindo. Aqui estamos nós diante de uma desafiadora orientação de Paulo. O princípio e valor que ela nos transmite estão fundamentados o ponto inegociável de nossa fé: o amor. É onde tudo começa. Procurando agir amorosamente, devemos seguir o princípio de considerar as necessidades e limitações do nosso irmão. E, tendo isso em mente, não sermos egoístas, não importarmo-nos apenas conosco mesmos, mas sermos misericordiosos, compreensivos, e procurarmos agir de modo que nosso irmão seja edificado, e não desprezado. Lembremo-nos: o capítulo 15 começa com: “Nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos.” (v.1).

Quanto mais maduros, mais experientes, mais capazes devemos ser para caminhar com os mais fracos, em lugar de exigir que sejam capazes de caminhar conosco. Isso não significa que devamos ficar à mercê do irmão que não consegue compreender o que compreendemos. Significa que devemos, até onde nos for possível, sem prejuízo à nossa própria caminhada espiritual, sermos pacientes e nos esforçarmos para que sejam edificados. A ideia envolve também a capacidade de sofrer, por amor ao irmão. As vezes preferimos fazer o irmão sofrer, queremos vencê-lo, superá-lo. Devemos ter cuidado para que não pequenos contra nosso irmão agindo assim. Seguir o exemplo de Cristo é o que Paulo nos pede para fazer. E não poderemos sem que sejamos guiados pelo Espírito Santo. É pela comunhão com o Espírito Santo que, em lugar de observadores de regras, seremos pessoas guiadas pelos princípios do Reino de Deus.

Por isso devemos ser cuidadosos com nossa vida devocional. E um dos cuidados é não fazer dela uma mera disciplina religiosa ou o cumprimento de um ritual de oração e leitura bíblica. Nossa vida devocional deve ser uma experiência com a presença e o amor de Deus. A oração e a meditação nas Escrituras são meios e não um fim em si mesmas. Quando nossa devocional é um estar com Deus, os efeitos são sentidos pelos outros e por nós mesmos. A graça, amor, perdão, consolo ou paz que nos alcançam na experiência da devoção, alcançam outros das mais diversas formas, enquanto vivemos nosso dia e fazemos nossas tarefas. E esta dinâmica sempre transforma o ambiente e as pessoas em ambientes e pessoas mais saudáveis – santidade! Por isso, calma. Pense no outro. Esteja com Deus. Sirva e seja altruísta e não egoísta. Deus abençoe você.

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