Eu e o evangelho de Jesus (3)

“A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo, que se entregou a si mesmo por nossos pecados a fim de nos resgatar desta presente era perversa, segundo a vontade de nosso Deus e Pai, a quem seja a glória para todo o sempre. Amém.” (Gálatas 1.3-5)

Como se sentiram as pessoas que se encontraram com Jesus? Amadas, aceitas e salvas. Creio que elas se sentiram assim. Como é o sentimento de salvação? O que seria sentir-se salvo? Ser salvo é ser encontrado por Deus e incluído em Seu Reino. Uma ato divino. Mas é também realizar a possibilidade natural de todo ser humano: voltar-se para Deus. É um mistério que Deus parece não nos permitir elucidar e que, sendo Seu, envolve nossa participação. Conquanto seja fundamentalmente um ato divino, parece ser também, necessariamente, uma resposta humana. E assim, desde o início, já ressalta o grande amor de Deus, o valor e o respeito com que nos trata.

Sentir-se salvo é resultado de se crer que foi “religado” a Deus e que, agora, vive-se à luz da existência e presença de Deus. É crer no Deus que se interessa e tem planos para nós, e esperar por Ele. Sente-se salvo quem pratica na vida a busca e súplica ao Deus que intervém e concede direção, perdão e proteção. Sente-se salvo quem vive e alimenta-se da lembrança de que é amado por Deus, incondicionalmente, quem não se impressiona com seus erros, mas escolhe impressionar-se com a Graça concedida por meio de Cristo, ao entregar-se por nós. Sentir-se salvo é sentir-se também incompleto, desejoso por melhoras, por mudanças, por correções de rumo e rota. É uma vida de novas proporções: inclui todo nosso ser e Deus, terra e céus, vida e morte.

A salvação é a pacificação do ser humano com sua existência, pois a presença amorosa de Deus tira o medo e o peso de nossos fracassos. Mas a salvação é também uma inquietação do ser humano com seu estilo de vida, pois a beleza de Deus nos inquieta e convida a seguir na direção da vontade de Deus: um novo ser. A salvação anuncia que há ilusões a serem abandonadas e prioridades a serem revistas; que amar a Deus e ao outro é o centro e não a periferia da existência. Ela nos leva a perder o medo da morte, cujo tom ameaçador perde força pois passamos a vê-la apenas como uma esquina que nos leva ao ponto de encontro com a Vida. Ser salvo é participar da vida divina, de modo que, se o exterior se desgasta e segue para o fim, o interior se renova, dia a dia, até por fim saltar livre para dentro do Reino do qual foi feito parte. É, desde agora e para sempre, existir com Deus.

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