“Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança.” (Romanos 15.4)
Neste verso Paulo está nos chamando a atenção para um dos propósitos que ele encontra nas Escrituras. De seu ponto de vista ele está se referindo aos escritos que hoje conhecemos como Velho Testamento, mas do nosso, podemos incluir o Novo. Na carta que escreveu a Timóteo, a segunda, referindo-se aos mesmos escritos, Paulo diz: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.” (2 Tm 3.16-17). Aqui ele ressalta o propósito de sermos melhorados pelas Escrituras e assim sermos úteis ao que Deus deseja realizar na história. Aos Romanos ele destaca o propósito de sermos fortalecidos para manter a perseverança e o ânimo. Em suma, as Escrituras cumprem o propósito de fortalecer a nossa fé, inspirando-nos a permanecer, a seguir em frente. A ideia é: manter o compromisso. Você tem lido as Escrituras? Com que frequência? Qual o resultado dessa leitura?
Há uma perspectiva a respeito de nossa caminhada cristã que às vezes é ignorada. Com muita frequência estamos focados em nos beneficiar, em receber uma benção, em encontrar respostas para o que nos incomoda. Não poderia dizer isso seja errado ou sem importância. Afinal, precisemos de benefícios, de bênçãos e de respostas. Mas nosso exercício espiritual, nossa busca por Deus, também deve ter como foco beneficiar outros, ser benção e abençoar, ser resposta. Como Isaías foi ao ouvir a pergunta de Deus na visão que teve no templo: “Quem enviarei? Quem irá por nós?” E então Isaías respondeu: “Pode contar comigo. Estou disponível. Envie-me que irei.” (Is 6.8). Ouço muita preocupação (e as vezes reclamação) de pessoas sobre a necessidade de estudarmos a Bíblia. E, sem dúvida, precisamos fazer isso. Mas também me pergunto: com que propósito? Pois parece-me que o problema de nossa fraqueza como cristãos e como igrejas não está no desconhecimento das Escrituras. Já sabemos muita coisa! Mas não reagimos adequadamente a ela!
Estamos cheios de horas de leitura e cheios de informação. Mas se apenas nos dispuséssemos mais a ser sal e luz, como Jesus disse! Se apenas procurássemos viver mais unidos e servindo uns aos outros, como Paulo tantas vezes ressaltou em seus escritos. Se a parábola do samaritano, ou a do filho pródigo, inspirasse mais nossas atitudes! Se levássemos mais a sério o que Jesus disse sobre o fato de sermos fracos, que devemos vigiar e orar; que devemos servir se queremos ser importantes no Reino; que devemos ser generosos no perdão (setenta vezes sete); que devemos buscar primeiro o Reino de Deus… tudo isso já sabemos, mas, o que estamos fazendo com o que sabemos? E queremos saber mais?! Se as Escrituras, no que claramente nos dizem, não nos inspiram mudanças e compromisso, não devemos esperar que Deus nos diga qualquer coisa a mais!