Estudo projeta 4,6 mil casos de coronavírus e 187 mortes na Bahia no dia 4 de maio

Com máscaras, população forma fila enorme em Águas Claras para sacar benefício do Auxílio Emergencial, em Salvador — Foto: Renan Pinheiro/TV Bahia
Com máscaras, população forma fila enorme em Águas Claras para sacar benefício do Auxílio Emergencial, em Salvador — Foto: Renan Pinheiro/TV Bahia

Uma pesquisa da Rede CoVida, ligada à Fiocruz Bahia, aponta que o estado deve ter cerca de 4,7 mil casos confirmados de coronavírus no dia 4 de maio. Atualmente, segundo o boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do estado (Sesab) no início da tarde desta quinta-feira (30), são 2.851 pessoas diagnosticadas com a doença. O número de óbitos, que hoje é de 104, poderá passar para 125, podendo atingir 187 óbitos.

Em Salvador, também se prevê uma duplicação do número de casos até o dia 4 de maio, quando o total acumulado pode superar os 2.500 pacientes diagnosticados com a doença. O número de mortes na capital baiana deverá chegar a 80, mas pode atingir 121 casos no cenário mais pessimista.

“No boletim apresentamos uma sessão em que se consegue ver um pequeno cenário sobre o afrouxamento das medidas de isolamento social para as pessoas assintomáticas, que são as pessoas que não apresentam sintomas”, explicou Juliane Oliveira, que é doutora em matemática, pesquisadora pós-doutoranda do Cidacs/Fiocruz Bahia e uma das coordenadoras do grupo de modelagem matemática da Rede CoVida.

“Nesse cenário, dentre vários que podemos apresentar, mostramos o que pode acontecer se a gente confiar em afrouxar esse isolamento social para as pessoas assintomáticas. No boletim é possível ver os efeitos desse afrouxamento nos números de casos totais, mortes, internações e UTI”, completa.

Os boletins são produzidos semanalmente desde o início de abril. A última versão leva em conta os números obtidos até o último dia 26, e está disponível on-line e aponta outras projeções.

Estudo CoVida faz projeção sobre o crescimento de casos na Bahia — Foto: Reprodução
Estudo CoVida faz projeção sobre o crescimento de casos na Bahia — Foto: Reprodução

Segundo a publicação, em caso de relaxamento das medidas restritivas contra a Covid-19, em benefício de pessoas assintomáticas, a Bahia teria um aumento de 50% na taxa de transmissão deste grupo.

“A gente vê que, considerando esse cenário em que se possibilita o aumento da circulação de 50% dessas pessoas assintomáticas, poderia causar, em curta janela, um aumento de 75% na curva de casos, 23% de aumento no número de óbitos, 58% de aumento na necessidade de leitos clínicos e 68% nas necessidades de leitos de UTI”, disse.

“Esses números mostram o comportamento, mas é algo que já é impactante com as medidas. Se houver relaxamento agora, ao invés de intensificar as medidas, será catastrófico tanto em número de óbitos como no número de necessidades de leitos hospitalares do serviço de saúde”, alertou Juliane Oliveira.

Com relação aos leitos, o estudo da Rede CoVida também aponta um crescimento de quase 100% em menos de uma semana.

“Passaríamos de 177 leitos ocupados no dia 26 de abril para 316 leitos ocupados no dia 4 de maio, considerando o cenário. Num cenário considerado mais pessimista, serão necessários cerca de 474 leitos para atender as pessoas infectadas pelo Covid-19, no dia 4 de maio, no estado da Bahia”, aponta a publicação.

“Em termos de leitos de UTI, passaríamos de cerca de 73 leitos ocupados em 26 de abril para cerca de 158 leitos em 4 de maio, considerando que 25% das pessoas infectadas precisassem de algum tipo de internação. No cenário mais pessimista, seriam necessários cerca 237 leitos de UTI para atender os casos severos de Covid-19, no dia 4 de maio”, completa o texto.

Conforme o boletim da Sesab, dos 785 leitos disponíveis do Sistema único de Saúde (SUS) exclusivos para Covid-19, 276 possuem pacientes internados, o que representa uma taxa de ocupação de 35%. No que se refere aos leitos de UTI adulto e pediátrico, dos 318 leitos exclusivos para o coronavírus, 137 possuem pacientes internados, compreendendo uma taxa de ocupação de 43%. Novos leitos deverão ser abertos nas próximas semanas.

Recomendações do estudo

  • Manter as estratégias de distanciamento social, o uso de máscaras caseiras, a identificação por meio de testes e o isolamento dos indivíduos infectados são ações que continuam sendo essenciais para reduzir a velocidade de transmissão do vírus e evitar a sobrecarga dos serviços de saúde com consequente aumento no número de óbitos;
  • Ampliar a capacidade de internação em Unidades de Tratamento Intensivo, disponibilizando leitos, equipamentos e profissionais de saúde em número suficiente para atender simultaneamente a cerca de três mil pessoas acometidas de Covid-19;
  • Mobilizar e treinar em cuidados intensivos profissionais de saúde formalmente habilitados;
  • Considerar a possibilidade de regulação única dos leitos públicos e privados como estratégia de rápida ampliação da capacidade de internação de casos de Covid-19;
  • Estimular a produção local e nacional de equipamentos necessários para as UTIs;
  • Assegurar o abastecimento de insumos, coordenando as ações de compra e logística.

Método utilizado

O estudo da Rede CoVida utiliza como método o número de pessoas que um paciente contaminado com coronavírus pode infectar, chamado de “número de efeito reprodutivo”, ou “rt”. Segundo a publicação, em março o “rt” da Bahia era de aproximadamente 3. Hoje, o índice encontra-se inferior a 1.

Contudo, a publicação aponta que a Bahia possui um grande número de casos em análise. Atualmente, são mais de 3,7 mil amostras em investigação. A pesquisadora Juliane Oliveira acrescenta que outros fatores podem influenciar nas projeções.

“É um modelo que utilizamos. Ainda tem limitações, depende de vários parâmetros e que temos um escasso número de informação para medir os parâmetros. (…) Na medida que o número de pessoas aumenta, esse parâmetro pode variar dado as circunstâncias. A superlotação pode provocar aumento na taxa de mortalidade. A medida que formos apresentando novos boletins, vamos incluir modelos para responder as perguntas da sociedade”.

Fonte: G1BA

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