Foram oito meses de pesquisa até que as estudantes da rede estadual, Liliane Dias e Fernanda Novaes, descobrissem na casca da melancia a matéria-prima para o êxito da experiência voltada à sustentabilidade.
Alunas do 4º ano do curso técnico de nível médio em Química do Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep) Extremo Sul, de Teixeira de Freitas, elas são autoras do projeto “Biocia: bioplástico da casca de melancia”.
Com o objetivo de produzir um bioplástico resistente a partir da casca de melancia – uma fruta amplamente produzida no Território de Identidade, sendo a cidade de Teixeira de Freitas a maior produtora na Bahia e a quinta do país –, o projeto de Liliane e Fernanda resultou em produtos sustentáveis como saquinhos para mudas de planta e sacolas e, futuramente, canudo comestível.
A estudante Fernanda Novaes fala sobre a sua satisfação com a experiência. “Foi muito gratificante este trabalho, porque sempre tivemos o desejo de fazer algo para ajudar o meio ambiente e que tivesse a mesma funcionalidade do plástico convencional, que demora 500 anos para se decompor, tanto no ambiente marinho, como no terrestre, enquanto que o bioplático leva apenas sete dias para se decompor debaixo da terra”.
A composição do biocia, explica a professora orientadora, Franciele Santos Soares, se dá a partir da pectina (tipo de fibra solúvel encontrado na parede celular de plantas) no mesocarpo da Melancia. Após tratado e adicionado dos devidos reagentes, obtém-se um bioplástico comestível e vegano.
Este ano, destaca a professora orientadora, Franciele Santos Soares, as alunas pretendem aprimorar o trabalho para a produção de canudo comestível.
A ideia delas é buscar fomento de investidores para comercializar o canudo comestível, já que, para atingir a resistência necessária do bioplático, é preciso o uso de reagentes orgânicos adequados, e estes são caros, como explicou a educadora.
“A pesquisa ainda está caminhando, mas espero que essas jovens pesquisadoras consigam seguir com a pesquisa e, futuramente, o Biocia ser um produto no mercado”, pontuou a professora, contando que, antes de chegarem à casca de melancia, as alunas pensaram em utilizar batata e casca e maracujá.
“Mas como não havia ineditismo com esses dois produtos, elas partiram para produzir a biomassa com a casca de melancia, após chegarem à conclusão de que a pectina contida na casca de maracujá era na mesma quantidade”.