Naturalmente, o primeiro objetivo foi o progresso, que nos trouxe as estradas de ferro. Antes, tudo era transportado às costas de burros e, apesar de o Brasil ter optado pelas rodovias, as estradas de ferro, com seus trilhos — onde viajei na Europa muitas vezes —, mostram uma experiência bela. No anoitecer, a luz em si enche o trem como algo vivo, à medida que os vagões chacoalham ao atravessar pontes.
A luz generosa se alastra pelo vagão como mel, apagando rugas das testas, transformando cabelos grisalhos em dourados, suavizando o brilho exagerado de tecidos baratos e os convertendo em algo lustroso.
Onde podemos encontrar esse cenário nos carros ou aviões? Infelizmente, a vida tem pressa. Nunca entendi isso e cansei de nadar contra a corrente.