“O Filho irradia a glória de Deus, expressa de forma exata o que Deus é e, com sua palavra poderosa, sustenta todas as coisas.” (Hebreus 1.3)
Assim se expressou o escritor de Hebreus, logo na instrução da carta. Nela ele demonstra a centralidade de Jesus em nossa fé. Traduz todo o complexo sistema de liturgias e ritos detalhadamente tratados em Levíticos e Deuteronômio. E afirma que tudo aquilo tinha como destino Jesus, sendo apenas figuras temporárias e destinadas a envelhecer e serem superadas, sendo Jesus o seu ponto final. Ele é o Redentor, é a Revelação de Deus. Ele é a palavra final de Deus a nós. Nada para além de Jesus poderia ser dito.
Se queremos acertar no caminho e na vida no Reino de Deus, que é bastante estranho a nós, precisamos nos focar em Jesus. Ele precisa ser o fiel da balança em nossa leitura e interpretação bíblica. Ele precisa ser a prova dos nove diante de qualquer afirmação sobre Deus, sobre Sua vontade e propósitos. Mas, entender Jesus, não é fácil. Leia os Evangelhos se não acredita nesta afirmação. É mais fácil entender Paulo e seus escritos, mesmo a Segunda Epístola de Pedro afirmando serem de difícil compreensão (2 Pd 3.16). Mas nem de longe comparam-se a Jesus, ao seu modo de agir e aos seus ensinos. É mais fácil orientar-se pelos escritos de Paulo do que pela vida de Jesus. O que Paulo nos pede é claro e explicito. O que Jesus nos pede é de outra natureza!
Jesus fala do nosso coração e de nossas intenções. Ele fala que devemos comer sua carne e beber o seu sangue! As multidões apenas entusiasmadas com os milagres e desejosos de verem mais, desistiram rápido. Os mais persistentes, que se atreveram a discípulos, acabaram escandalizados e o abandonaram. “Vocês se escandalizaram com tão pouco?! Estão presos a padrões humanos quando precisariam do Espírito para conhecer a vida que há em mim e em minhas palavras!” (Jo 6.60-63). E Jesus não recuou, mas disse aos doze: “Não querem também desistir e irem embora?” (Jo 6.67). Estamos realmente seguindo a Jesus?
Afirmamos que Jesus é o mesmo, ontem, hoje e para sempre. Mas se é, como não ficamos chocados com Ele? Como não nos sentimos desafiados diante de suas palavras e atitudes? É por que as entendemos muito bem e somos capazes de vivê-las? Não. É porque fizemos de Jesus apenas um nome a quem nos referimos. O domesticamos, segundo nossa religião. O fizemos alguém a quem conseguimos aceitar. Minimizamos seu radicalismo. Mas Jesus está vivo e, de fato, é o mesmo e sempre será. E deveríamos nos perguntar com sinceridade: a quem estamos seguindo?!
O Reino de Deus é um Reino estranho à mente humana. O Evangelho desse Reino não pode ser harmonizado aos padrões humanos. O Rei desse Reino é irreconhecível aos olhos humanos. E a mensagem das Escrituras só poderá ser ouvida por quem, como criança, seguir o Mestre e mantiver a mente e o coração abertos, atentos e sensíveis ao Espírito Santo.
Onde está firmada sua vida? Sua espiritualidade? Cantávamos no passado: a minha fé e o meu amor estão firmados no Senhor! Isso é realmente verdade? Se é, então você há de ser portador da humildade de quem sabe que não compreendeu tudo e nem muito bem as coisas do Reino. Você pode continuar pensando, lendo, orando e aprendendo. Mesmo tendo no coração a firmeza de quem sabe que, sim, está seguindo o Mestre. Afinal, como os discípulos, para onde iríamos nós se só Jesus tem as palavras da vida eterna? (Jo 6.68)