O Ever Given, que tem 400 metros de comprimento (quase quatro campos de futebol), ficou atravessado diagonalmente dentro do Canal de Suez, que não tem mais de 200 metros de largura, bloqueando o tráfego nos dois sentidos, interrompendo doze por cento do tráfego mundial de mercadorias.
Lembro de um livro que li sobre as caravanas de mercadorias no século XVII, em lombo de burros , de forma lenta, hoje a rapidez do mundo tira o prazer do viver com menos estresse, um navio com tanta carga, imenso, num canal estreito para saciar o consumo mundial, muita gente no mundo, muita pressa, e posso dizer que sabia da existência deste canal quando estudei geografia, mas ficou num compartilhado esquecido da minha mente, mas a todo instante fatos singulares deste mundo globalizado, surpreendente nossas vidas, mostrando que não estamos separados.
Com todas as nossas extraordinárias diferenças, compartilhamos a mesma vida humana. Somos parte do mesmo vasto oceano. Atentados terroristas, vírus, manchas de óleo no mar, bomba atômica. No passado, a secreta luta para garantir a sobrevivência era no local que se vivia, na comunidade, tanto é assim que a China/Japão tem pouco tempo na economia global, todos viviam fechados, não existia Mercosul ou a União Europeia.
A armadura que os países construíram em volta deles, excluía problemas globais como hoje. Existia uma mansa ordem da vida e a compreensão do mundo era outra, as opções de consumo eram reduzidas, mas agora este é o mundo que nos prende; estamos amarrados a ele por celulares que nos conecta com tudo, mercadorias de todas as nações do mundo.
No passado talvez o sol flutuava em cada partícula do céu, como se tivesse se dissolvido e escorresse nos telhados da cidade, e alegrava almas que hoje olham para vitrines. Eu queria um novo começo para a humanidade, queria a desaceleração, estamos indo muito rápido para o futuro. Percebo que os sentidos estão entorpecidos pela sede do crescimento, mas com tanta gente no mundo, como desacelerar?