E mais uma vez, nos reuniremos para celebrar o nascimento de Cristo Jesus. Como parte inerente ao nascimento do ser humano, temos o findar da vida, a morte. E foi ao ler uma tradução do que seria a sentença que condenou Jesus Cristo à morte que resolvi compartilhar com vocês minhas impressões sobre o nascimento de Jesus Cristo. Vejamos primeiro a sentença!
Na sentença que data do ano dezenove de Tibério César, Pôncio Pilatos, então Presidente do Império Romano, julgou, condenou e sentenciou à morte, Jesus, chamado pela plebe – Cristo Nazareno – galileu de nação, homem tido como sedicioso, contra a Lei Mosaica e também contrário ao grande Imperador Tibério César. Foi determinada e ordenada a morte na cruz, sendo pregado com cravos como todos os réus, porque congregava e ajuntava homens, ricos e pobres, promovia tumultos por toda a Judéia, dizendo-se filho de Deus e Rei de Israel.
Mas a sentença ordenava também outros atos, a saber, que fosse Jesus Cristo, ligado e açoitado, e que fosse vestido de púrpura e coroado de alguns espinhos, com a própria cruz aos ombros para que servisse de exemplo a todos os malfeitores, e que, juntamente com ele, fossem conduzidos dois ladrões homicidas.
Ordenava ainda que a sentença fosse cumprida de pronto, e que se conduzisse Jesus ao monte público da Justiça, chamado Calvário, onde crucificado e morto ficaria seu corpo na cruz, como espetáculo para todos os malfeitores, e que sobre a cruz se pusesse, em diversas línguas, este título: Jesus Nazareno, Rex Judeorum. O restante da via crucis, conhecemos.
O que me impressiona na vida de Jesus Cristo são questionamentos que não se têm respostas, a não ser as prontas e repetidas. Me pergunto o que levou um homem já na casa dos seus trinta anos, vindo de um lar pobre, vivendo e vivenciando as misérias dos seus pares, a acreditar que poderia comover os poderosos de sua época.
O que levou aquele homem chamado Cristo a erguer a voz e admoestar os que mandavam e desmandavam? Não menciono aqui o Cristo filho de Deus, ciente de sua própria divindade, mas o Cristo que se fez homem e veio habitar entre nós como um mortal e sujeito a tentações e medos. Aos olhos dos sábios da época, a missão que aquele homem discursava cumprir, estava totalmente fadada ao fracasso, creio que era óbvio aos mais ilustres da época, que a mensagem daquele homem não poderia prosperar. O que fazer então para que suas palavras não tivessem eco? Calá-lo.
E como fazê-lo a um homem que não se corrompia? Só mesmo matando!!!
Convido vocês a pensarmos juntos. Vamos abstrair de nosso conhecimento o resultado do sacrifício de Cristo, que hoje sabemos, venceu o Império Romano e todos os seus césares, e vamos imaginar que estamos exatamente na época em que Cristo virá ao mundo.
Em poucos dias ele nascerá.
Não temos portanto, o privilégio de, com informações do futuro, dizer que ele é um Salvador ou um Vencedor.
Então pergunto, e peço que respondam em seus corações: Se Jesus Cristo, fosse nascer na próxima noite, provavelmente chuvosa, de 25 de dezembro, na cidade de Porto Seguro, onde seria seu lar ? No Condomínio Terra Vista ou no Bairro Paraguai? Maria, a mãe de Cristo, que também poderai se chamar Josiele, estaria nas revistas de moda moldando opiniões ou seria apenas mais uma adolescente gestante em nossa cidade? Maria, apesar de jovem, daria luz ao seu filho em um hospital com médicos que acompanharam seu pré natal ou estaria em uma maca no Hospital Luiz Eduardo Magalhães esperando por um quarto ou por um médico? Voltaria Maria para casa com seu rebento, no conforto de um carro, ou usaria nossos transportes coletivos com motoristas nem sempre gentis ?
Onde Jesus cresceria? Em que comunidade seria aceito? Tendo por pai um carpinteiro, Jesus estudaria nas nossas escolas particulares, ou estaria ele a depender das escolas públicas com suas greves e seus descasos? E onde morreria? Em um lugar aprazível acompanhado de seus familiares, ou entre ladrões? E qual de nós, ousaria desafiar a sentença prolatada?
Se somos todos realmente filhos de Deus, há irmãos de Cristo nascendo todos os dias em nossa cidade, e não os tratamos diferente do que Cristo foi tratado.
Nós infelizmente, parece que nada aprendemos, damos eles os mesmos cuidados e oportunidades que foram dadas a Cristo há 2011 anos….
…E, então é Natal.