No Brasil tudo é enigma, na política, na economia e nesta pandemia, que agora tem a temida variante indiana, vivemos numa espécie de esquecimento embriagado de nós próprios e sem direção segura, não dá para processar quinhentas mil mortes. Aqui a beleza do país com tantas praias lindas e natureza exuberante se mistura com a miséria, violência e ignorância, sendo que a chegada deste vírus se torna uma incógnita, saber até quando continuará matando.
O que sei é que perdurará independente de eu estar acordado ou dormindo, sóbrio ou bêbado, escrevendo ou não, e além desta praga o nosso planeta sofre com as mudanças climáticas, a poluição dos oceanos e extinção dos animais selvagens com estes pensamentos, sento à mesa e vejo o livro que estou lendo, “A vida secreta dos Escritores ” de Guillaume Musso, a página marcada com um filete de papel na página 215 onde é dito “Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos.”
Neste momento Keane, nosso cachorrinho, pula em meu colo. Acaricio sua cabeça enquanto aliso seu pelo, me mantenho imóvel por vários minutos, pensando nesta frase e ouvindo o martelar da chuva nesta manhã e viajo para antes desta pandemia quando o filme de meus dias era um drama com menos sombras, mas os eventos da vida tomaram este rumo inesperado e agora é esperar que o brasileiro tenha novos méritos, assim o destino será outro, e a chuva, o som da chuva caindo é um momento de reflexão e ainda que todos os habitantes do planeta estejam sentados no mesmo barco com este vírus, e apesar de sermos iguais desde o nascimento como criaturas mortais, o abismo existe já que muitos vivem num turbilhão de mundanidade com aglomerações, com incoerência com a ciência sendo que a paz só existe agora nas estrelas.