“No dia seguinte, por volta do meio dia, enquanto eles viajavam e se aproximavam da cidade, Pedro subiu ao terraço para orar. (…) A voz lhe falou segunda vez: ‘Não chame impuro ao que Deus purificou’.” (Atos 10.9 e 15)
Cornélio estava em Cesaréia e Deus mandou que enviassem mensageiros para buscarem um homem chamado Pedro. Deus inclusive deu o endereço de onde ele poderia ser encontrado (At 10.5 e 6). Quando eles chegam, Pedro estava em oração. Quando oramos nos tornamos acessíveis a Deus. Ele sempre tem algo a nos dizer. Quando aprendemos a nos aproximar de Deus por meio da oração, mesmo o que pode parecer o completo silêncio de Deus fala profundamente conosco. Mas naquele dia Deus deu a Pedro uma visão, assim como havia dado a Cornélio. Ele viu um lençol que descia do céu, cheio com todo tipo de animal. Uma voz disse a Pedro: mate e coma! Os judeus observavam uma séria dieta que restringia vários animais, pois eram considerados impuros. Era uma das formas de se considerarem puros diante de Deus. Pedro estava com fome, e por ver ali animais considerados impuros, recusou: “De modo nenhum, Senhor! Jamais comi algo impuro ou imundo” (At 10.14).
Pedro era fiel à sua consciência e firme em guardar o que considerava sagrado. Mas com toda sua firmeza e fidelidade, estava errado. Ele olhava para Deus e para a vida exclusivamente pela ótica de sua própria história, limitado pelos conceitos e costumes judaicos. Para Pedro só haveria lugar para um gentio na presença de Deus se ele se tornasse um judeu. Se passasse a observar até mesmo a dieta que os judeus observavam. Mas Deus iria mostrar ao dedicado apóstolo que havia chegado a hora de mudar, de ver além. Então a voz do céu contradisse suas certezas: “Não chame impuro ao que Deus purificou”. Não chame de inaceitável o que Deus aceitou. Não condene a quem Deus perdoou. As coisas mudariam muito, para Pedro e para Cornélio. Tudo isso tomou lugar na história desses homens porque buscaram tempo para orar. Quando oramos Deus intervém. E na sua intervenção, mudamos, amadurecemos, somos libertos.
Pedro seria levado a entender que, embora fosse uma testemunha do Evangelho, o Evangelho não dependia dele. O Espírito de Deus tem seus próprios caminhos para o coração dos homens. Somos parte dos planos de Deus, somos o método de Deus, mas jamais poderemos determinar os caminhos de Deus. Pedro precisava de mudanças, tanto quanto Cornélio de conhecimento sobre a graça. Na verdade, ambos aprenderiam mais sobre a graça, cada um a seu modo. Deus os coloca frente a frente. Ambos experimentariam mudanças. Se orarmos, se a oração for mais que uma eventualidade em nossa vida, se for um compromisso, Deus nos envolverá em Seus movimentos e nos mudará. Todos precisamos mudar. O que será que Deus deseja mudar em meu jeito de ver e compreender? O que Ele deseja me ensinar? Para saber eu preciso orar. E você também.