Mais uma vez, a força da mulher do campo marca presença na abertura da programação técnica da 10ª Feira Baiana da Agricultura Familiar e Economia Solidária, com o IV Encontro Estadual de Mulheres Rurais, que iniciou neste domingo (24). A feira, promovida pela Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), em parceria com a União das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes/Bahia), acontece no Parque de Exposições de Salvador até do dia 1º de dezembro, em paralelo à Fenagro 2019.
O encontro segue até esta segunda-feira (25), possibilitando a interação e a troca de experiências entre as mulheres rurais, debatendo temas como a assistência técnica e extensão rural (Ater), comercialização e organização das unidades produtivas, na perspectiva do desenvolvimento rural sustentável.
A atividade é realizada por meio de parceria entre a Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater) e a Coordenação de Desenvolvimento Agrário (CDA), vinculadas à SDR, e reúne mulheres rurais dos 27 Territórios de Identidade da Bahia, representantes dos movimentos sociais, de órgãos governamentais, de Colegiados Territoriais e de organizações parceiras.
Josias Gomes, secretário de Desenvolvimento Rural, reafirmou o compromisso da SDR na oferta de políticas públicas para as mulheres rurais: “No universo da agricultura familiar, a mulher rural tem uma importante contribuição, por isso, os projetos e programas executados pela secretaria buscam fortalecer este segmento, para que, cada vez mais, as mulheres rurais tenham melhores condições de vida e alternativa de renda na produção da agricultura familiar”.
Célia Watanabe, gestora da Bahiater/SDR, destaca a importância da discussão sobre políticas públicas que empoderam a mulher rural: “Neste encontro discutimos em que medida a assistência técnica e extensão rural tem contribuído nos avanços das condições da organização social e produtiva das mulheres rurais nas suas unidades produtivas. É importante destacar o trabalho e o papel das mulheres agricultoras familiares por entender que elas desenvolvem um trabalho de relevância, que nem sempre é reconhecido. São mulheres as responsáveis pela segurança alimentar e nutricional de suas famílias e dos consumidores, e elas têm uma visão avançada também sobre a questão da agroecologia”.
Camilla Batista, coordenadora da CDA/SDR, destacou a importância da troca de experiências que impactam no fortalecimento da ações desenvolvidas pela mulher rural: “Estamos trazendo para a discussão a evolução das políticas públicas executadas para as mulheres rurais e as perspectivas socioeconômicas. A produtividade agroecológica é feita, em sua maioria, pelas mulheres rurais, que além das diversas tarefas realizadas no dia a dia, são elas que fortalecem a economia feminista e solidária, avançando em direção à economia local e territorial”.
Também presente no evento, Julieta Palmeira, secretária de Políticas para Mulheres (SPM), enfatizou a importância do debate sobre as mulheres rurais: “Entendemos que a pauta hoje das mulheres na agricultura familiar e economia solidária está ligada à questão da autonomia econômica e social, para fazer com que os arranjos produtivos de mulheres possam ganhar impulso, a partir de iniciativas inovadoras, que busquem mais investimentos para que seus produtos possam se ampliar enquanto qualidade e produção, que possam também ter acesso ao fluxo de chegar até o consumidor. Considero que encontros como este são muito importantes para a educação empreendedora das mulheres e para o avanço da participação das mulheres na produção rural e no empreendedorismo feminino”.
Representatividade
Leila Santana, da coordenação estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), representou as Mulheres da Articulação do Campo: “A mulher rural vem ganhando espaço, começando a participar de processos políticos, porque antes não conseguiam acessar direitos no campo que pudessem viabilizar sua autonomia financeira. Neste encontro, estamos dando um novo significado não só de reencontro nas lutas das mulheres, mas também para afirmar que queremos continuar tendo mais direitos. Nós vamos resistir e queremos avançar na construção de direitos e não retroceder”.
Aline Andrade é agricultora familiar do Distrito de Serra Grande, município de Valença, Território de Identidade Baixo Sul, e integra a Cooperativa Feminina da Agricultura Familiar e Economia Solidária: “Momento importante porque nos aproxima e possibilita trocarmos experiência. Aqui conseguimos interagir para melhorar o que fazemos junto às nossas cooperativas e associações. Precisamos ter voz e encontramos espaço de debate. Isso permite a nossa discussão sobre as políticas públicas”.