Anvisa não garante Victoza como emagrecedor
Os inibidores de apetite à base de anfetaminas (anfepramona, femproporex e mazindol) estão banidos das farmácias brasileiras, que terão dois meses para retirá-los das prateleiras. A decisão tomada na semana passada pela direção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi oficializada ontem, pelo governo federal.
As medicações proibidas também não poderão ser prescritas por médicos, fabricadas no país e os atuais registros serão cancelados.
Os emagrecedores à base de sibutramina continuam liberados, mas seguindo as restrições quanto ao peso do paciente e à ausência de problemas cardíacos. Para fazer uso dessas medicações, no entanto, médico e paciente deverão assinar um termo de responsabilidade sobre os riscos à saúde. A única droga liberada para o tratamento da obesidade será o orlistate (Xenical), cuja ação acontece no intestino e não sistema nervoso central, reduzindo em cerca de 30% a absorção de gordura.
Nas palavras do diretor-presidente da Anvisa e relator do processo, Dirceu Barbano, o prazo dado às farmácias serve para permitir que os usuários possam readaptar o tratamento. “Quase nenhum outro país tem sibutramina. As anfetaminas também estão diminuindo. E não há notícia de que isso piorou ou atrapalhou o tratamento da obesidade”, diz Barbano. Para ele, não há evidências suficientes que demonstrem que a perda de peso supera os riscos cardíacos que o uso dessas medicações pode vir a causar.
Segundo a endocrinologista Sílvia Jesuíno, a restrição da Anvisa impacta diretamente na vida dos brasileiros que tentam controlar a obesidade e o sobrepeso, pois reduz o arsenal terapêutico para conter o problema que acomete, aproximadamente, um bilhão de pessoas no mundo de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). “É o peso que se paga por um uso que deveria ter sido feito com critérios e apenas pelo especialista”, diz a médica.
Ela ressalta ainda que nesses anos de comercialização houve um abuso muito grande e que qualquer profissional prescrevia essas medicações sem preocupação com a situação real do paciente ou seu tempo de uso. “Os inibidores à base de anfetaminas produzem a taquifilaxia, que consiste no uso de doses cada vez maiores da medicação para que o efeito possa ser sentido, dai o uso ser restrito a três meses, no máximo”, explica a especialista.
Quanto às novas drogas contra a obesidade em estudo e aplicação, como Liraglutida (Victoza), lançamento do laboratório Novo Nordisk, para o tratamento do diabetes tipo 2, Silvia Jesuíno lembra que ainda é muito cedo para falar em resultados efetivos. “O tratamento da obesidade não é uma indicação de bula da Liraglutida. Assim como ela, existem outras possibilidades, mas todas ainda estão em estudo”, completa.
Uma pesquisa recente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que quase metade da população brasileira (49%) com mais de 20 anos está com excesso de peso e outros 14,8% apresentam obesidade. Mais que um problema estético, a obesidade é uma doença que desencadeia diversas doenças graves, incluindo o diabetes tipo 2, doenças do coração, pressão alta, câncer, entre outros.
A Anvisa não garante Victoza como emagrecedor
Embora esteja aprovado e registrado no Brasil desde o ano passado (chegou três meses depois de ter sido lançado nos Estados Unidos), a Anvisa garante que não existe nenhum estudo que garanta os efeitos do Victoza como agente emagrecedor. Relatórios apresentados pela Agência afirmam que o uso é “adjuvante da dieta e atividade física” para conseguir um controle glicêmico para pacientes diabéticos millitus tipo 2 e que, entre os efeitos adversos, estão a hipoglicemia, dores de cabeça, diarreia e vômito.
Fonte: Carmen Vasconcelos / Correio da Bahia