Em entrevista, presidente do Sebrae fala de como crescer mesmo na crise

Barretto participou ontem da programação da Semana de Capacitação Empresarial do Sebrae, que acontece até sábado

Em vez de lamentar, é preciso crescer na crise. É o que afirma o presidente nacional do Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Luiz Barretto Filho. “Quem fizer a travessia neste período difícil, com certeza, vai sair com uma empresa com mais força no mercado”, ressaltou.

Barretto participou ontem da programação da Semana de Capacitação Empresarial do Sebrae, que acontece até sábado, no Fiesta Convention Center. O presidente do Sebrae conversou com o CORREIO sobre os setores mais promissores para se investir e como o empreendedor pode se fortalecer durante a turbulência econômica que o país atravessa.

Quais os riscos de se abrir uma empresa no cenário atual?

Abrir um negócio sempre tem risco. O que diminui este risco é fazer um bom planejamento. Quem está sendo demitido, por exemplo, e não está conseguindo se recolocar no mercado de trabalho, mas tem um grande sonho de abrir o seu negócio, precisa fazer um planejamento, ver em que área ele pode entrar, como ele vai entrar e transformar este sonho em realidade. Um bom plano de negócios, capacitação e conhecimento de mercado vai jogar a favor do empreendedor.

 

E para aqueles que já têm um negócio, como é possível crescer neste momento de ajuste fiscal, inflação alta e retração no consumo?

O mais importante é olhar para dentro da sua empresa, como ela pode ser mais eficiente e onde dá para cortar custos. Conhecer melhor o mercado, como me aproximar mais do consumidor e de que forma poder fidelizá-lo. É preciso que se tenha uma informação e um conhecimento do seu negócio muito mais apurado do que o que se tinha antes. Portanto, se capacitar, ter mais informação, saber mais sobre o mercado é fundamental para que a gente possa ter empresas com capacidade para sair na frente após este período.

 

Que setores podem ser uma boa aposta para abrir um negócio?

Tudo que se refere a artigos usados tem tido um crescimento acima de 20%. Esse é um exemplo claro de como a crise gerou uma imensa possibilidade. Há oportunidade também na área de reparos, no e-commerce e principalmente nas franquias. O turismo interno também deve crescer com a alta do dólar. Vale apostar ainda no mercado de beleza, de produtos sem lactose, orgânicos e sem glúten. Portanto, o empresário que for criativo e conseguir enxergar uma demanda não resolvida na sociedade ou que puder adaptar custo, preço e qualidade terá vantagem.

 

Qual é a maior vantagem do pequeno negócio na hora de buscar soluções para superar os reflexos da crise?

O consumidor está sendo mais seletivo e está procurando preço (baixo). As empresas pequenas – de pequeno porte – têm mais facilidade para se adaptar a este novo mix de produtos e de pôr em prática alternativas que se encaixem no bolso do consumidor. Preço é uma coisa que a pequena empresa pode adaptar com mais rapidez e agilidade.

 

Como buscar financiamento com os juros altos e uma maior restrição de crédito?

A macroeconomia está difícil para todo mundo. Não é só agora que falta crédito. É um problema de sempre. A gente recomenda que em um ano de juros altos se evite ao máximo entrar em linha de crédito. O Brasil já passou por crises e todas elas são oportunidades não só para novos negócios, mas também para aquelas empresas que já existem se tornarem mais eficientes. Pois ficar só reclamando que os juros estão altos, isso todo mundo está reclamando e a gente também vai continuar reclamando.O negócio não vai para lugar nenhum com empresário pessimista e paralisado.

 

Como anda a tramitação do projeto que prevê a ampliação do MEI (Micro Empreendedor Individual) e do Super Simples?

Há um projeto aprovado na Câmara Federal que está hoje no Senado que aumenta o teto do MEI de R$ 60 mil para R$ 72 mil, a partir de 1º de janeiro. Foi aprovado por maioria absoluta na Câmara dos Deputados e eu tenho expectativa que até dezembro também seja aprovado no Senado. Neste mesmo projeto que aumenta o teto do MEI, estende em 2017 o teto do Super Simples de R$ 3,6 milhões para R$ 7,2 milhões e em 2018 para R$ 14,4 milhões.

 

A capacidade do governo em melhorar sua arrecadação pode ser impactada com a ampliação das faixas destes programas?

A minha posição é sempre favorável aos pequenos negócios. Eles são o grande motor da economia brasileira. O projeto aprovado na Câmara tem responsabilidade, porque ele não tem efeito imediato. Eles deixam 2016 de lado, porque é um ano mais difícil. O país só tem a ganhar se as pequenas empresas tiverem condições de pagar menos tributo e tiverem menos burocracia. Se o Brasil quiser sair da crise, ele tem que levar em consideração não só a grande empresa, mas também quem representa um terço do PIB.

 

O Movimento Compre do Pequeno, que acontece em 5 de outubro, é uma resposta para a importância do setor?

A ampliação do pequeno negócio é um dos mecanismos que a gente tem para enfrentar a crise. Por isso, criamos esta data, tão importante para mobilizar. É no pequeno que o Sebrae enxerga a saída.

 

Priscila Natividade, com colaboração de Luana Silva/Correio

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