APLB: Promotor faz novas revelações sobre o caso Edésio Lima

Por Milla Verena


Para o promotor Dioneles, movimentação milionária reforça tese de crime de mando

Na tarde de sexta-feira, 27, foi veiculado que o Ministério Público da Bahia recebeu um relatório do COAF no qual apontava movimentações financeiras suspeitas na conta de Edésio Lima, ex-secretário de Governo e Comunicação da gestão Abade, acusado de ser o mandante da execução dos professores da APLB, em 2009.

O Sollo fez uma entrevista exclusiva com Dioneles Santana, promotor de Justiça do Ministério Público em Porto Seguro.

Relatório

Dioneles explica, em 17 de agosto de 2011, recebeu o relatório do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), ligado ao Ministério da Fazendo, que investiga movimentações financeiras atípicas, relatando que, entre os dias 1º de fevereiro e 3 de maio/2011, mais de R$ 1.035.000,00 foram movimentados na conta de Edésio Lima, no Banco Santander, de São Francisco do Conde.

Além disso, apontou a existência de um Plano de Previdência Privada, no Banco Bradesco, de Salvador, no valor de R$ 1.240.985,00, que tem como beneficiário o próprio Edésio.

O promotor afirma que já anexou o relatório, como sendo uma prova a mais, ao processo da morte dos professores da APLB.

Reforçada tese de crime de mando

Para o Ministério Público da Bahia, a execução dos professores foi um crime de mando e acusa Edésio Lima de ser o mandante.

Dioneles afirma que o relatório do COAF reforça essa tese. Ele explica que crime de mando, na grande maioria das vezes, é pago, tem transação financeira.

Segundo promotor, o que chama a “atenção e gera estranheza” são as datas das movimentações, 2 meses após Edésio sair da cadeia.

Vale ressaltar que Edésio Lima, enquanto secretário de Governo e Comunicação da gestão Abade, cargo que exercia antes de ser preso, recebia um salário de R$ 6 mil, incompatível com as citadas movimentações bancárias.

Para o MP, os professores da APLB foram mortos, a mando de Edésio Lima, porque estavam denunciando desvio de verba federal na prefeitura de Porto Seguro.

Desvio de verba

O delegado da Policia Civil Evy Partenotro, recebeu o ofício 123 de 2011 do delegado da Policia Federal de Cachoeira de Itapemirim – ES, Bernardo, em que relata que quando veio a Porto Seguro para realizar uma operação da PF foi procurado pelo então presidente do Sindicato dos Professores – APLB, Álvaro Henrique. Na ocasião, Álvaro denunciou o desvio de verba federal na prefeitura de Porto Seguro, e o entregou documentos que comprovariam o fato.

Como o delegado de Cachoeira de Itapemirim estava no Município para uma operação especifica, encaminhou os documentos da denuncia para o delegado da PF de Porto Seguro da época.

Pouco tempo após a denúncia ao delegado da PF, os sindicalistas Álvaro e Elisney Pereira foram assassinados.

Para Diolenes, está claro que os professores foram executados por denunciarem irregularidades na prefeitura de Porto Seguro.

O processo

No final de 2010, o então juiz da Vara Crime de Porto Seguro, Roberto Freitas, determinou que Edésio Lima, acusado de ser o mandante, e os policiais, acusados de serem os executores, fossem a júri popular. Contudo, os réus recorreram. Agora, cabe ao TJ (Tribunal de Justiça) decidir se os réus vão a júri popular.

Prazo para decisão do TJ

O promotor esclarece que o TJ não tem prazo para dar o parecer. Ressalta que, em geral, a prioridade do Tribunal é julgar processos que tenham os réus presos, o que não é o caso, pois Edésio Lima e os policiais estão soltos.

Vale lembrar que o crime do garçom, como ficou conhecido, no qual 7 turistas estudantes de Brasília espancaram até a morte o garçom Nelson dos Santos, na Passarela do Alcool, um dos pontos mais movimentados de Porto Seguro, em 2002, aguarda parecer do TJ. 10 anos já se passaram os acusados ainda não foram a júri popular.

Relembre o crime

No dia 17 de setembro de 2009, Álvaro Henrique e Elisney Pereira, dirigentes sindicais da APLB, foram executados na Roça do Povo, região rural de Porto Seguro, em uma emboscada, durante período de impasse entre a APLB e a gestão municipal e em meio a denuncias de desvio de verba federal na prefeitura.

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