“Quando terminou de lavar-lhes os pés, Jesus tornou a vestir sua capa e voltou ao seu lugar. Então lhes perguntou: “Vocês entendem o que lhes fiz?” (João 13.12)
Cremos realmente no Evangelho que nos alcançou? Cremos no amor de Deus e nas implicações do sacrifício de Cristo? Temos clareza da grande misericórdia e da maravilhosa graça? A certeza desse amor e a compreensão da grandeza dessa graça são o ponto de partida para que as mais profundas mudanças aconteçam em nossa vida. Mas costumamos inverter as coisas: pensamos que o Evangelho anuncia um grande amor e uma grande graça mas que precisaremos ser capazes de corresponder aos padrões e de fazer as mudanças necessárias para poder recebê-los. Do contrário, nada feito! E pensando assim, fracassamos. Achamos mais coerente pensar assim. A graciosidade da graça nos parece profanação da graça, quando o que é profana é a nossa atitude de pretender torná-la valiosa. Não há dúvida de que há muito que devemos fazer como cristãos, mas o que torna o que fazemos realmente obra cristã é a leveza de fazer, não para merecer, mas por gratidão. Fazer sabendo que nada precisamos fazer, porque Cristo tudo já fez por nós!
Um dos problemas de uma fé equivocada é que ela pode ser muito ativa e produtiva. E talvez sejam essas suas grandes marcas. Eu sei, isso parece não fazer sentido. Mas há um sentido (direção) correto no fluxo da graça e, dependendo de como cremos, tornamos a graça uma conquista, o que ela não é e jamais será. E aí, como Paulo disse aos gálatas, caímos da graça! (Gl 5.4) Jesus lavando os pés dos discípulos personalizou a graça! A graça é constrangedora. A graça inverte os papéis: Deus nos busca, espera por nós, insiste conosco. Ela não faz sentido como não fez sentido para os discípulos a atitude de Jesus. O Reino de Deus não é como o reino dos homens! Não entenderemos o Reino de Deus usando os parâmetros do reino dos homens. Precisamos crer e aceitar que somos completamente amados, mesmo não sendo merecedores desse amor. E aí então é que seremos capazes das atitudes dignas do amor que recebemos.
Os discípulos foram interrogados por Jesus: “Vocês entenderam o que lhes fiz?”. Essa pergunta é importante para nós. Entendemos o que Jesus nos fez? A confirmação de que entendemos não se dá por nossa capacidade de dizer ou explicar o que Ele fez. Se entendemos, então somos inspirados a agir com outros da mesma forma que Deus, em Cristo, agiu conosco. Somos inspirados a ser misericordiosos e graciosos. Isso nos coloca numa escola em que diariamente estamos em aula. Coloca-nos numa batalha em que permanecer na graça e celebrar a misericórdia são os alvos a serem conquistados. Se já entendemos o que Jesus fez, então devemos estranhar qualquer atitude que tenhamos com nossos irmãos e nosso próximo que não seja similar às atitudes de Jesus. Se entendemos o que Jesus fez por nós, humildade, graça e misericórdia nos seguirão, todos os dias de nossa vida!